Zagueiro Raphael Varane é um dos atletas da França que se contaminaram antes da final da Copa do Mundo (Foto: GABRIEL BOUYS / AFP)


França tem um grande inimigo na reta final da preparação para a final da Copa do Mundo contra a Argentina: o "vírus do camelo". A enfermidade, que causa sintomas gripais, tem se espalhado rapidamente na delegação e já atingiu pelo menos 20% do elenco às vésperas da decisão de domingo (18), às 12h (de Brasília), no Estádio Icônico de Lusail.



 
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Dos 25 jogadores, cinco foram contaminados: os zagueiros Upamecano, Varane e Konaté, o volante Rabiot e o atacante Coman. Os três casos identificados inicialmente pelo departamento médico foram os de Upamecano, Rabiot e Coman, vetados da semifinal contra a Seleção Marroquina na última quarta-feira (14).

Os dois primeiros são titulares do técnico Didier Deschamps e foram substituídos por Konaté e Fofana na vitória por 2 a 0, que assegurou a classificação francesa à decisão.

"É tempo de gripe e, nesse sentido, temos que nos precaver", disse o treinador após a semifinal. "Outro ponto: os jogadores têm feito um esforço físico enorme, e seus sistemas imunológicos sentem isso. Temos que nos cuidar a todo momento, mas a verdade é que não estou preocupado", completou.




Os dias seguintes, porém, foram de más notícias para Deschamps. Nesta sexta-feira (16), três jogadores não treinaram por conta do vírus: Coman, que já tinha sido diagnosticado com a doença, Varane e Konaté, titulares diante de Marrocos.

A eles, somaram-se dois desfalques na atividade: o volante Tchouaméni, com problema no quadril, e o lateral-esquerdo Theo Hernández, com dores no joelho.

"Tem uma gripe acontecendo. Não é nada sério. Vamos estar bem até domingo. Todos estão sendo cuidadosos. Os médicos adotaram novas medidas para evitar que o vírus se espalhe", minimizou o atacante Kolo Muani, autor do segundo gol francês na semifinal.




"Não estamos assustados. Upamecano e Rabiot tiveram dor de cabeça e um pouco de dor de estômago. Mas fizemos um chá com gengibre e mel para eles. Os médicos ajudaram muito. Não estamos preocupados. Tenho certeza que todos vão estar muito bem para a final", corroborou Dembélé.

O departamento médico da seleção reforçou medidas como uso de álcool gel, distanciamento social e uso de máscaras em ambientes fechados. Na Copa do Mundo, a Fifa não exigiu testagem e controle sobre COVID-19. A imprensa francesa publicou que o "vírus do camelo" está acometendo a delegação.

O que é o 'vírus do camelo'


Trata-se de uma enfermidade respiratória causada por um dos coronavírus (MARS-CoV). Estudiosos apontam que a doença surgiu em 2012 na Arábia Saudita, vizinho do Catar. A hipótese principal dos pesquisadores é que o vírus foi transmitido pelo morcego a camelos.




Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o vírus é transmitido entre animais e pessoas por contato direto ou indireto com dromedários infectados. Também é possível o contágio entre pessoas.

Pessoas infectadas pelo vírus podem ser assintomáticas ou apresentar sintomas respiratórios, que se assemelham a uma gripe (febre, tosse e dificuldade de respirar).

Foram notificados 2,6 mil casos desde 2012, com 935 mortes em 27 países, segundo relatório da OMS publicado em 16 de novembro.

Passeios com camelos são uma das atividades turísticas mais tradicionais do Catar.