Ronaldo saiu em defesa da Seleção Brasileira após a eliminação para a Croácia (Foto: Mauro Pimentel/AFP)

Um dos maiores nomes da Seleção na história, o ex-jogador Ronaldo foi às redes sociais neste domingo (11) para defender a equipe após a eliminação na Copa do Mundo do Catar. O Brasil empatou com a Croácia em 1 a 1 na última sexta-feira (9) e, na disputa de pênaltis, perdeu por 4 a 2, caindo nas quartas de final do Mundial.






O Fenômeno, campeão mundial em 1994 e 2002, esta última sendo protagonista, iniciou o "textão" com apoio aos 26 jogadores da Seleção: "Vocês uniram o Brasil novamente. Foi lindo ver o país (quase) inteiro deixar as diferenças de lado pra vibrar com o nosso futebol. Sorrimos juntos, choramos juntos - estamos com vocês".

Ao longo do texto, Ronaldo cumprimentou e confortou os jogadores. Contudo, o hoje empresário - sócio-majoritário do Cruzeiro e do Real Valladolid, da Espanha - também diz que houve erros da equipe, mas todos em âmbito esportivo e não comportamental. A Seleção foi criticada por estrangeiros por comemorar gols com danças.

"Entendam também que vão me perguntar e, como ex-jogador, não posso fingir que não vi nada de errado. Discordo profundamente, porém, de quem acha que o erro tá na dança, no brinco, no cabelo ou no pandeiro".



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Ronaldo finaliza a longa postagem, ilustrada com uma foto do time abraçado, afirmando que o sonho da sexta conquista mundial continua. O Brasil também foi campeão em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002.

"Sair da Copa maior do que chegou é legado. O sonho do hexa segue vivo. Vocês nos fizeram acreditar de novo. Parabéns, garotos!", finalizou.
 
 

A íntegra do texto de Ronaldo

 
"Vocês uniram o Brasil novamente. Foi lindo ver o país (quase) inteiro deixar as diferenças de lado pra vibrar com o nosso futebol. Sorrimos juntos, choramos juntos - estamos com vocês.




Eu e quem enxerga o atleta além da bola; quem sabe - por experiência ou por simplesmente se colocar no lugar do outro - como pesa a expectativa de mais de 200 milhões de brasileiros; quem já se sentiu pressionado, subestimado e desacreditado por comparações que põem em xeque o seu talento nos momentos mais difíceis; quem conhece o ponto de partida desfavorável e o caminho íngrime percorrido desde a infância pra chegar tão longe; quem reconhece que ninguém sonhava mais que vocês em levantar a taça do hexa.

Recebam meu carinho, respeito e abraço.

Entendam também que vão me perguntar e, como ex-jogador, não posso fingir que não vi nada de errado. Discordo profundamente, porém, de quem acha que o erro tá na dança, no brinco, no cabelo ou no pandeiro. As mudanças de comportamento entre gerações são naturais. Na mesma partida em que fomos eliminados, Neymar igualou o rei Pelé como maior artilheiro da seleção brasileira - um recorde estabelecido há 60 anos. Como negar o brilho, a competência e a grandiosidade de vocês que são os novos ídolos das nossas crianças?

Falhamos sim do ponto de vista técnico. E eu sei que vocês sabem: é legítimo que o torcedor esteja decepcionado nesse momento. Vocês também estão. Mérito do adversário, claro, mas tenho certeza que vocês sabem onde erraram. Dói em todo mundo. Dói muito mais em vocês.

Ainda assim, é do jogo, é do esporte e é da vida. O erro. A frustração. O gosto amargo da derrota. O “quase”. A grande oportunidade que escapa das mãos. O tropeço que nos derruba tão perto de realizar o maior sonho - alguns não terão essa chance de novo, eu sei. Mas o futebol é uma escola cheia de lições extraordinárias que levamos pra fora das quatro linhas e saber perder é o que faz de nós verdadeiros atletas. Cair e levantar. Continuar. Recomeçar. Amadurecer. Reinventar. Diferenciar os limites que precisamos respeitar dos que podemos superar. 



 
Pra uma seleção ser campeã, as outras 31 voltam pra casa como vocês. Na bagagem de cada uma delas, lutas que não conhecemos - dos jogadores, de suas famílias, de seus povos. Um dia, vocês verão tudo isso “de fora” como vejo hoje e o orgulho será ainda maior por fazer parte dessa história - podem acreditar. Sei que isso não tira a dor que vocês sentem agora - e que ainda vai doer muito -, mas é preciso reconhecer o óbvio: poucos chegam aonde vocês chegaram.

O show da bola tem que continuar e, sem dúvida alguma, o futebol-arte brasileiro fez desse show mais bonito - dentro e fora e de campo. No estádio, no Catar, em cada canto do Brasil e do mundo.

Sair da Copa maior do que chegou é legado. O sonho do hexa segue vivo. Vocês nos fizeram acreditar de novo. Parabéns, garotos!".