Doha - Listados como possíveis alvos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para a sucessão do técnico Tite na Seleção, dois técnicos portugueses vitoriosos nos últimos quatro anos no no país estão com seus estafes de prontidão se forem procurados pelo presidente Ednaldo Rodrigues.



O Superesportes conversou com profissionais vinculados a Jorge Jesus, ex-Flamengo, atualmente no Fenerbahçe da Turquia, e de Abel Ferreira do Palmeiras. Os dois lados têm comportamentos diferentes. Enquanto o entorno do Mister fala alimenta a possibilidade, a equipe do comandante alviverde prefere a discrição. 

 

A reportagem questionou se Jorge Jesus foi sondado pela CBF. A resposta é não, mas se o lusitano campeão do Carioca, Brasileirão, Libertadores, Supercopa do Brasil e Recopa Sul-Americana pelo Flamengo receber o convite, aceitará e deixará o Fenerbahçe.

No mês passado, o vice de futebol rubro-negro Marcos Braz tentou recontratar Jesus para a vaga de Dorival Júnior, mas a negociação não avançou. Jesus cogitou a possibilidade, mas o time turco não autorizou a rescisão do contrato no meio da metade da temporada europeia. 

 

Entretanto, o Fenerbahçe está de sobreaviso. Se Jorge Jesus for procurado pela CBF, dirá sim. Inclusive o presidente Ali Koç está ciente do posicionamento do treinador e entenderia. O treinador de 68 anos afirma que, hoje, somente a Seleção Brasileira o faria deixar a Turquia. 

 

Em tese, Abel Ferreira é mais viável. O técnico do Palmeiras tem o aval da presidente Leila Pereira para trocar o clube pela Seleção. Contatado pela reportagem, um dos gerentes da carreira do treinador agiu com discrição e preferiu não comentar sobre o assunto.

O repertório variado de títulos de Abel Ferreira agrada. Ele coleciona duas Libertadores, uma Copa do Brasil, Paulistão e a Recopa Sul-Americana. Assim como Jorge Jesus, foi vice-campeão do Mundial de Clubes da Fifa. 

  

 

O presidente da CBF prepara o anúncio do sucessor de Tite para janeiro. Um dos requisitos é a disponibilidade do candidato para trabalhar com jovens jogadores. O dirigente entende que a Seleção passará por um profundo processo de renovação. O projeto pode levar tempo. A entidade se prepara, inclusive, para ver o jejum de 24 anos virar recorde e chegar a 28. A expectativa é de que o Brasil volte a ter uma Seleção pronta para conquistar o título em 2030, na edição centenária da competição. 

 

Jorge jesus e Abel Ferreira se enquadram. O Mister deu moral para Reinier no Flamengo em 2019. Abel chegou a usar um meio-campo com Patrik de Paula, Danilo e Gabriel Menino em um triunfo por 3 a 0 contra o River Plate, na Argentina, pela Libertadores. No título deste ano, lançou o centroavante brasiliense Endrick, de 17 anos, no time profissional.

 

Entre os nomes brasileiros cotados, Mano Menezes exibe no currículo trabalho semelhante ao exigido pela CBF. Vice-campeão do Brasileirão pelo Internacional na última temporada, ele deu início ao processo de renovação da Seleção em 2010, quando herdou a prancheta de Dunga depois da Copa da África do Sul. A estreia de Neymar na Seleção foi sob o comando de Mano, em 2010, nos Estados Unidos. 

 

Nomes como Danilo, Alex Sandro e Casemiro também fizeram parte da renovação interrompida em 2012. Mano foi demitido pelos ex-presidentes José Maria Marin e Marco Polo Del Nero para contratação de Luiz Felipe Scolari a dois anos do início da Copa. 

 

Outros profissionais brasileiros especulados perderam força. Cuca levou o Atlético ao triplete em 2021 nas conquistas do Mineiro, Copa do Brasil e Brasileirão, mas desagradou na volta ao cargo no lugar de Antonio "Turco" Mohamed.

O perfil de Fernando Diniz também é avaliado. O vazamento da especulação gerou críticas devido ao currículo sem títulos.

 

Renato Gaúcho saiu do radar depois da péssima passagem pelo Flamengo e do retorno ao Grêmio na Série B. Campeão da Copa do Brasil e da Libertadores pelo time rubro-negro neste ano, Dorival Júnior tem histórico de trabalhar com garotos. Era o técnico de Neymar, Ganso, Danilo e Alex Sandro no Santos na Copa do Brasil de 2010.

 

Ednaldo Rodrigues e seus pares consideram que a próxima geração do Brasil será forte e precisa de um treinador atualizado para lidar com ela. Vinicius Junior, Antony, Raphinha, Pedro, Richarlison. Rodrygo e Bruno Guimarães serão a base do time para a inserção de talentos como Danilo (Palmeiras), André (Fluminense) e diamantes como Endrick. Mentor do bicampeonato olímpico do Brasil em Tóquio-2020, André Jardine também é lembrado.

  

O Brasil teve seis técnicos depois da conquista do penta, em 2002: Carlos Alberto Parreira, Dunga, Mano Menezes, Luiz Felipe Scolari, Dunga novamente e Tite. 

Em 108 anos de história, a Seleção teve apenas dois treinadores estrangeiros. O português Joreca comandou o Brasil em 1944. O argentino Filpo Núñez escalou o Brasil em 1965, quando o Palmeiras representou o Brasil contra o Uruguai na inauguração do Mineirão.