Richarlison foi o grande destaque do Brasil no primeiro jogo, contra a Sérvia, quando marcou os dois gols da vitória (Foto: Nelson Almeida/AFP)

Mano Menezes, Luiz Felipe Scolari, Dunga, Tite. Há 12 anos e com quatro comandantes diferentes, a 'Era Neymar' na Seleção Brasileira vem acompanhada, em diferentes medidas, de uma dependência do atacante. Sem ele, os treinadores soluções 'fora da caixa' para o problema. Nesta segunda-feira (28), o desafio está posto novamente. Desfalcado do camisa 10, o Brasil enfrenta a Suíça a partir das 13h (de Brasília), no Estádio 974, pela segunda rodada do Grupo G da Copa do Mundo.



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O Brasil lidera a chave ao lado da Suíça, ambos com três pontos. A vantagem brasileira é no saldo de gols (dois a um). Sem pontuar, Camarões e Sérvia - que se enfrentam também nesta segunda, mais cedo, às 7h - completam a tabela de classificação.

Para o duelo com a Suíça, o Brasil não terá Neymar, fora por conta de uma lesão ligamentar lateral no tornozelo direito e um pequeno edema ósseo. O lateral-direito Danilo também será ausência, com uma lesão no ligamento mediano no tornozelo esquerdo.

Sem o 10, surgem, então, vários candidatos a novos protagonistas ofensivos, como Richarlison, Vinicius Junior, Raphinha, Rodrygo e Lucas Paquetá.




"Daqui a pouco vai aparecer a finta de um lance do Antony, uma assistência do Vini, uma criatividade do Richarlison na hora de finalizar, um cabeceio do Pedro, Jesus ia fazer o gol no lance do segundo tempo, isso vai aparecer. Eles têm essa capacidade criativa. O Rodrygo corre que parece que tem a bola grudada no pé", elogiou o técnico Tite.

Brasil tem algumas alternativas para preencher as vagas dos lesionados. Na ala, Daniel Alves e Éder Militão são opções, com maior chance para o segundo.

À frente, o volante Fred e o atacante Rodrygo aparecem como substitutos mais prováveis para Neymar. Everton Ribeiro corre por fora.

Se estivéssemos na Copa da Rússia, Tite confirmaria a escalação. Traumatizado com a eliminação diante da Bélgica, há quatro anos e meio, o treinador mudou de hábito no Catar. Está misterioso.




Como se não bastasse o freio na língua, o último treino, nesse domingo, no Estádio Grand Hamad, o Centro de Treinamento escolhido pela CBF, foi fechado à imprensa. Os repórteres tiveram acesso apenas a 15 minutos da atividade na arena do Al Arabi. 

"A definição da equipe está feita, mas tenho por hábito, de agora, passar na hora do jogo. Em termos estratégicos, você consegue fazer algumas mudanças comportamentais ou de características de atletas. O (Éder) Militão já jogou nessa função (lateral direita), tem característica para tal, e o Dani é um construtor, fora a qualidade técnica e de liderança que tem. Moral da história? Não vou dizer quem vai jogar", desconversou Tite, sobre a lateral.

Neymar fora... de novo


Reinventar é o verbo na Era Neymar desde a estreia do craque na Seleção, em 2010, sob o comando de Mano Menezes.




O atacante nunca o deixou na mão, mas obrigou seu primeiro treinador a discipliná-lo depois da troca de farpas com o técnico Dorival Júnior no episódio em que René Simòes disparou que o futebol brasileiro estava "criando um monstro". Neymar ficou fora da lista de convocados. Mano atribuiu a ausência ao ato de indisciplina. 

Em 2015, Dunga ficou sem Neymar na Copa América disputada no Chile. O jogador se envolveu em uma confusão com o zagueiro colombiano Murillo depois da partida, recebeu cartão vermelho e foi expulso da competição pela Conmebol.

O treinador teve de remodelar o Brasil para a última rodada da fase de grupos. A Seleção avançou às quartas, mas caiu nos pênaltis diante do Paraguai. 




Dunga também não contou com Neymar em 2016, na edição centenária da Copa América. O atacante tirou férias. Sem ele, o Brasil caiu na primeira fase depois de uma derrota por  1 x 0 para o Peru. O capitão do tetra perdeu o emprego.

As lesões de Neymar são as maiores vilãs dos recorrentes processos de reinvenção da Seleção. Em 2014, Luiz Felipe Scolari viu o colombiano Zúñiga tirar o principal jogador do Brasil nas quartas de final da Copa do Mundo.

Tite ficou sem o camisa 10 na Copa América de 2019 devido a uma lesão no amistoso contra o Catar, em Brasília, mas soube se virar sem ele e conquistou o título continental. Três anos depois, o problema é semelhante. 




"O Brasil é dependente de todo grande talento, e o Neymar é um extraordinário talento. Claro que é dependente, mas da preparação dos demais também", reconheceu Tite.

"Preparamos todos. Claro que os talentos são diferenciais técnicos, e sim, o Neymar tem importância única no nosso modelo, porém todos estão preparados para suprir a necessidade", analisou o auxiliar César Sampaio. 

Tite explicou do que sentirá mais falta na partida contra a Suíça. "Acredito no grande talento do atleta diferente. Aquele que faz as coisas bem feitas durante 80 minutos e, em duas ou três oportunidades, faz a diferença. Esse é o talento, a criatividade. Esses talentos aparecem três vezes durante o jogo, isso é ser diferente, e o Neymar tem essa capacidade".




A Suíça 


O desafio brasileiro será contra uma seleção que deu várias demonstrações de força ao longo do ciclo para o Mundial do Catar. Nas Eliminatórias, a Suíça liderou o grupo que também tinha a Itália, atual campeã europeia.

Na Euro, aliás, os suíços desbancaram a França nas oitavas de final e só caíram na fase seguinte, nos pênaltis, contra a forte e promissora Espanha.

"Eles são muito rápidos, têm um jogo muito atraente, mas também têm fraquezas, e vamos tentar aproveitá-las. Eles jogaram bem na estreia, mas sabemos como nos comportar diante de grandes equipes", projetou o atacante Shaqiri, um dos destaques do time.




Juntam-se a ele nomes como Sommer, Xhaka e Embolo, autor do gol da vitória sobre Camarões por 1 a 0 na estreia.

A seleção defensiva, do ferrolho da Copa de 1938, ficou para trás. O time atual tem boas alternativas ofensivas que devem incomodar o Brasil. Pista para isso foi a declaração do treinador Murat Yakin, que citou a Seleção, historicamente ofensiva, como inspiração.

"Espero ansiosamente o jogo. Quando eu era criança, adorava ver os jogos da Seleção Brasileira. Talvez por isso tenha me tornado profissional do futebol e fiquei muito feliz no sorteio. Será um jogo tático, temos que ter estratégia e jogar unidos", disse.

Para o jogo contra o Brasil, a Suíça não contará com o atacante Noah Okafor, por lesão muscular. O jovem de 22 anos, porém, já seria reserva. A formação titular deverá ser exatamente a mesma da estreia.




BRASIL X SUÍÇA


Brasil
Alisson; Éder Militão (Daniel Alves), Marquinhos, Thiago Silva e Alex Sandro; Casemiro, Fred e Lucas Paquetá; Raphinha, Vinícius Júnior e Richarlison
Técnico: Tite

Suíça
Sommer; Widmer, Elvedi, Akanji e Rodriguez; Freuler, Xhaka; Shaqiri, Sow e Vargas; Embolo
Técnico: Murat Yakin

Motivo: segunda rodada do Grupo G da Copa do Mundo
Local: Estádio 974, em Doha, no Catar
Data e horário: segunda-feira, 28 de novembro de 2022, às 13h

Árbitro: Iván Barton (El Salvador)
Assistentes: David Moran (El Salvador) e Zachari Zeegelaar (Suriname)
VAR: Drew Fischer (Canadá)