Presidente da Fifa também falou sobre proibição de cerveja nos jogos da Copa (Foto: FABRICE COFFRINI / AFP)

Gianni Infantino, presidente da Fifa, concedeu uma longa entrevista coletiva neste sábado. Entre os assuntos abordados pelo dirigente, estão as políticas adotadas pelo Catar, a proibição de cervejas nos estádios da Copa do Mundo e rebate a críticas feitas ao país-sede do evento.





Após ser escolhido para sediar a Copa, o Catar se tornou alvo de diversas ponderações, incluindo denúncias de corrupção, abusos de trabalhadores imigrantes, desrespeito aos direitos humanos e impacto ao meio ambiente.

"Os europeus têm que se desculpar por terem feito o que fazem pelo mundo nos próximos três mil anos. Quantas companhias europeias e do mundo ocidental estão fazendo bilhões com trabalho por aqui e quantos deles estão se preocupando com direitos para os imigrantes? Eu tenho a resposta: nenhuma. Isso diminui o lucro. Não preciso defender o Catar, eles se defendem sozinhos. Mas quanta gente está aqui pelo combustível e quem se preocupa com as condições de trabalho? A Fifa se preocupa, o futebol se preocupa, o Catar se preocupa", iniciou o presidente.


"Nós (europeus) fechamos as fronteiras e não permitimos que eles trabalhem de forma legal nos nossos países. E eu digo legal, porque a gente sabe que tem muita gente ilegal nos nossos países e isso não é a coisa certa a ser feita. Por isso, aqueles que querem ir na Europa precisam percorrer uma jornada muito difícil", completou.


Infantino deu continuidade à sua entrevista falando sobre as pessoas que estão criticando fortemente as normas adotadas pelo Catar. O presidente da Fifa disse entender as minorias e relembrou o preconceito que sofreu na Suíça, quando ainda era uma criança ruiva com sardas.

"Não assista. É como essas pesquisas que mostram alguns candidatos na frente, e depois eles não ganham. Pega bem para alguns dizer que não vão assistir, porque o Catar isso, porque a Fifa aquilo. Mas a gente sabe que essas pessoas vão assistir, talvez escondidos. Nada é maior do que a Copa do Mundo. Para estas pessoas, as que vão ver escondidas, eu digo que vai ser a melhor Copa do Mundo da história".

"Hoje estou com sentimentos muito fortes. Hoje me sinto catari, me sinto árabe, me sinto africano. Hoje me sinto gay. Hoje me sinto deficiente. Hoje me sinto como um trabalhador imigrante. Eu sei como é ser discriminado, como é sofrer bullying, como é ser estrangeiro. Na escola sofria por ter cabelo vermelho, porque eu era italiano e não falava um bom alemão. E o que você faz? Você olha para baixo, chora e tenta fazer amigos", explicou o dirigente.




Por fim, Gianni Infantino reforçou que todos serão bem-vindos no Catar, "não importa a religião ou a orientação sexual". "Se alguém falar algo diferente, não é a opinião do país. Claro que eu acredito que precisa ser aceito, como presidente da Fifa, mas eles estão passando por processos".

Proibição de cervejas nos estádios


"É uma decisão que foi tomada de forma conjunta entre Fifa e Catar. Toda decisão foi discutida entre as duas partes. Haverá espaços Fan Fest onde podem comprar álcool, até 100 mil pessoas. Acho que, pessoalmente, se por três horas no dia vocês não puderem beber, vocês vão sobreviver. Nós tentamos ver se era possível, mas não foi"