O Atlético-MG anunciou, nessa sexta-feira (16), a contratação de Felipão, que substituirá o argentino Eduardo Coudet como técnico da equipe. No G4 do Brasileirão e em vias de se classificar para o mata-mata da Copa Libertadores, o Galo ainda tem muito a disputar em 2023 e confia num impacto imediato do histórico treinador.

É quase consenso que os estilos de Felipão e Coudet diferem bastante e o argentino foi o responsável pela montagem do elenco atleticano, com diversas indicações de jogadores. A chegada de Luiz Felipe Scolari deve representar uma quebra da forma de atuar do “Chacho”. Sendo assim, a pergunta que fica é: como jogará o Atlético-MG. O Superesportes tentará entender.

Felipão utilizou no Athletico-PR de 2022 um 4-2-3-1 clássico, sistema que é seu preferido nos últimos anos e a tendência é que este siga sendo sua forma de jogar. O que causa dúvidas é como Hulk irá ser escalado. Normalmente, Scolari adota um centroavante de referência, mais físico, característica carente no Galo, que conta apenas com Alan Kardec, que não vem atuando.

Quando trabalhou com Felipão na Seleção Brasileira, Hulk jogou aberto pela direita, mas o craque também se sente confortável por dentro. Num primeiro momento, espera-se que o camisa 7 atue centralizado, abrindo espaço para Pavón ser escalado pela direita.

Se Felipão entender que Hulk precisa de maior liberdade, ele pode voltar a jogar aberto pela direita, com outro jogador ocupando a faixa central. Vargas e até mesmo Paulinho podem ser opções mais móveis.

Como Scolari prefere um jogo mais direto, a função do centroavante é primordial, tanto para segurar bolas vindas de trás, quanto para desviar esses lançamentos, buscando achar os pontas que se infiltram. Um Alan Kardec em seu auge seria a peça ideal para a engrenagem do treinador, mas esse não parece ser o cenário. Portanto, será preciso esperar para ver.

 

 

 

 

 

Considerando os últimos trabalhos de Felipão, em especial o Palmeiras, em 2018, e o Athletico-PR, em 2022, a tendência é que ele utilize uma saída de bola mais direta. O treinador prefere menos passes para se aproximar da área adversária, então é comum que a linha de quatro defensores se mantenha formada e que um dos volantes recue para apoiar os zagueiros.

O restante dos atletas ficam mais “afundados” no campo, para receberem bolas longas, já perto da área adversária. Como o Atlético-MG possui homens de frente fortes fisicamente, como Paulinho, Edenílson e Hulk, esse pode ser um recurso muito bem vindo, que traria a urgência que explica a escolha pelo treinador do Penta.

Felipão chega no meio da temporada, num time que um técnico com ideias muito diferentes montou, em uma oportunidade inesperada e com pouco tempo de treinamento. Assim, um padrão de jogo simples deve prevalecer.

 

 

 

 

Times treinados por Felipão têm nas bolas aéreas ofensivas suas grandes armas. Foi assim principalmente em Palmeiras e Cruzeiro. É uma tendência ver o Atlético-MG passando a aproveitar melhor esse tipo de jogada, o que já era uma necessidade.

A bola aérea defensiva também costuma ser bem trabalhada pelo treinador, mas o Athletico-PR de 2022 sofreu no quesito, então isso passa a ser uma incógnita.

 

 

 

 

A marcação é outro ponto em que Felipão prefere a simplicidade. Muita agressividade e determinação para recuperar a bola e encaixes específicos nas perseguições. Cada jogador define seu alvo e o acompanha, com um dos volantes ficando na sobra.

Cada jogador tem seu papel definido e os problemas são fáceis de identificar. Não é o sistema que precisa se encaixar como uma engrenagem para dar certo.

Por outro lado, é preciso que os jogadores tenham poder de marcação, desarme e fôlego, para prosseguir até o fim nas jogadas. Dedicação total. Um erro e o adversário fica livre, o que pode gerar uma desorganização geral, caso um dos defensores precise deixar sua posição para atacar quem conseguiu superar o seu perseguidor original.

Após recuperar a bola, velocidade para ligar ao ataque. Paulinho, Pavón e Hulk irão se beneficiar desse estilo. Os treinadores adversários terão que ser cautelosos ao atacar. É difícil vencer Felipão, então um gol sofrido pode representar a perda de três pontos.

 

 

 

 

 

Ao escolher Felipão, o Atlético-MG deixou claro que pretende encurtar o caminho para o sucesso. Faz sentido. Apesar de estar fora da Copa do Brasil, o tempo de trabalho é curto e o elenco foi montado pensando nas ideias de Coudet.

A escolha por Felipão também faz sentido para comandar um time que tem Hulk como grande expoente técnico. Scolari costuma potencializar seus craques, então o camisa 7 deve se tornar ainda mais primordial no jeito de jogar atleticano.

É improvável que o Atlético-MG dê espetáculos ao “estilo Guardiola”, mas, por outro lado, provavelmente se tornará um time dificílimo de se bater. Tendo Hulk sempre inspirado, como de costume, Felipão parece o nome certo para comandar os jogadores que irão protagonizar a briga incessante por resultados que a diretoria atleticana indica estar buscando.