O técnico Eduardo Coudet anunciou neste sábado (10), no vestiário do Atlético-MG após o empate com o Red Bull Bragantino, que não pretende voltar a comandar o time. O anúncio pegou todos de surpresa, de jogadores a diretoria. Ele repete a história que fez no Internacional, até com "personagem" repetido.

Em 2020, Coudet chegou ao Internacional e levou o time ao topo da tabela do Brasileirão, mas deixou o time no meio da competição por acreditar que não tinha um elenco capaz de lutar pelo título e não receberia investimentos para isso. Ele sempre deixou claro sobre os limites que o time tinha e que precisava de mais.

- A minha saída de lá (Inter) foi por causa da eleição. O presidente disse que iria acompanhar a equipe e que não iria investir nada. E que eu teria que brigar pelo título com R$ 2 milhões, com dois reforços. O presidente não iria investir. Eu disse que não iria pedir mais aos jogadores, porque era um grupo curto e estavam fazendo o que podiam - disse Coudet em explicação dada já em 2023, já no comando do Atlético.

No Inter, Coudet teve atrito com Rodrigo Caetano. Hoje no Atlético, ele era diretor de futebol do Colorado na época. Na chegada do treinador ao Galo, Caetano explicou o que aconteceu para a saída do argentino em 2020: “Nós tivemos divergências. As pessoas somatizam, elas aumentam. Coudet foi com expectativa pré-pandemia, e veio a pandemia. O Inter não teve condições de dar a ele uma equipe muito diferente do que já tínhamos”.

 

 

Agora no Atlético, a situação se repete. Assim como no Internacional, Coudet sempre deixou claro a insatisfação com o elenco, principalmente com relação ao número de peças que tem para utilizar. Contra o Bragantino, por exemplo, só teve nove jogadores à disposição no banco, sendo a única ofensiva o jovem Cadu.

No Galo, o treinador já havia falado abertamente sobre essa questão em abril, quando desabafou em coletiva após a derrota na estreia da fase de grupos da Libertadores, contra o Libertad, no Mineirão. Esse momento gerou um desgaste grande dele com a diretoria e ele quase deixou o clube, sendo mantido basicamente por conta de uma multa que, na época, era de R$ 24 milhões.

Após o episódio no vestiário do Mineirão neste sábado, a trajetória de Coudet no Atlético está perto de chegar ao fim. O treinador parece ter chegado ao limite com as vendas de Nathan Silva e Allan, que estão prestes a ser concretizadas, enfraquecendo ainda mais o elenco. Já a diretoria perdeu a paciência com a nova atitude do argentino.

 

 

A diferença do Internacional para o Atlético é basicamente o motivo que as diretorias não entregaram ao treinador o time que ele esperava. Em ambos os casos, Coudet afirma que foi prometido a ele um time para brigar pelo título, mas isso não aconteceu.

O Inter tem a desculpa da pandemia, que afetou financeiramente todos os clubes na época e não foi diferente no Colorado, que ficou sem condições de investir no time. Já no Galo, a desculpa são as dívidas do clube, com a necessidade de não gastar e também gerar dinheiro, ou seja, não há dinheiro para contratar jogadores e há a necessidade de vender alguns nomes importantes do elenco.

 

Outros dois pontos também diferem as saídas do treinador. Ele tinha conseguido levar o Internacional para a liderança do Brasileiro, saindo do time com esse contexto já com um convite para treinar o Celta de Vigo, da Espanha. Já no Galo, o time está atualmente em terceiro, mas pode perder mais duas posições a depender de resultados. Não há informações sobre o treinador ter recebido proposta de outro clube.