Da enviada especial a Lima (PER)
Quem vê o Alianza Lima bicampeão, em 2021 e 2022, do Campeonato Peruano, não pode imaginar os problemas que a equipe enfrentou há três anos.
Em 2020, este mesmo time quase terminou rebaixado à segunda divisão do torneio nacional. Não fosse um apelo feio ao TAS (Tribunal Arbitral do Esporte) naquele ano, provavelmente a equipe azul e branca não teria jogo marcado contra o Atlético-MG na próxima terça-feira (6), pela Libertadores.
Problema do Alianza Lima partiu das finanças
O sofrimento do Alianza começou quando um grupo de sócios conhecido como Fundo Azul e Branco assumiu as dívidas, em 2019, e passou a administrar o clube. Foi a partir dali que decisões erradas tomadas pelos investidores somadas a uma má gestão, entre outros problemas internos do elenco, se tornaram uma bola de neve.
O desfecho se deu em uma campanha pífia do Alianza na temporada seguinte, que esportivamente terminou a Liga 1, como é conhecida a competição nacional, na zona de rebaixamento.
O “pulo do gato” da diretoria aliancista foi recorrer a todas as entidades possíveis para evitar o rebaixamento. Primeiro, o clube apresentou uma queixa à Federação Peruana de Futebol, alegando que, na rodada final contra o Sport Huancayo, o adversário não cumpriu com protocolos sanitários - em meio ao caos da pandemia de covid-19. A FPF não acatou.
Então, o clube de Lima procurou o TAS, na mais alta instância do esporte, com outra queixa, desta vez contra o concorrente que terminou a temporada um ponto a frente na tabela e fora da zona da degola: Carlos Stein.
No dossiê apresentado pelo Alianza, os atrasos de salário dos adversários acabaram apontados como falta grave ao regulamento da competição peruana.
A decisão do TAS foi favorável e resultou na perda de pontos do Carlos Stein. Mesmo que na base do “tapetão”, quanto um time perde em campo e quer ganhar na Justiça, o Alianza teve sucesso em sua empreitada para permanecer na elite.
Do tapetão ao grito de campeão
Uma das chaves para o sucesso do Alianza Lima, em menos de três temporadas, passou pela reconstrução do elenco. Chegadas e saídas foram fundamentais para o time tornar o ambiente mais amigável, com jogadores que se tratam como “família”.
Um dos nomes de destaque dessa retomada é Hernán Barcos. O argentino, que fez fama no Brasil por passagens em Palmeiras e Grêmio, hoje veste a camisa blanquiazul e é tido como o grande líder nos bastidores. Segundo jornalistas locais ouvidos pelo Superesportes, “não haveria grito de campeão sem a liderança de Barcos”.
Mas os jogadores não foram os únicos responsáveis pelo ressurgimento azul e branco. A troca de gestão melhorou as finanças do Alianza, atualmente mais organizadas, embora com um longo caminho a percorrer até se tornarem saudáveis.
Em abril, o diretor geral falou em entrevista ao canal oficial do clube sobre a atual situação financeira.
- Estamos indo muito bem no torneio local, começamos a Copa Libertadores, marcamos um ponto contra um rival bastante difícil, no vôlei estamos nas semifinais, temos cumprido os objetivos que nos propusemos de forma impecável - afirmou Fernando Salazar.
No fim de maio deste ano, o Alianza Lima levantou mais um caneco, o do Apertura, primeiro turno da Liga 1. O moral da equipe está em alta para a próxima terça-feira, quando receberá o Atlético-MG no Estádio Alejandro Villanueva, às 21h (de Brasília), pela fase de grupos da Libertadores.