O atacante Hulk, do Atlético-MG, lamentou os supostos casos de manipulação sobre apostas esportivas que tomaram o noticiário do futebol brasileiro desde a última semana. O atleta, que é patrocinado por uma casa de aposta, disse que é "frustrante" e que "jamais faria isso com um companheiro". Ele pediu punição aos possíveis envolvidos.
- Sem dúvida [tem de haver punição pesada]. Além da manipulação do resultado... Poxa, a gente trabalha para caramba. Imagina um grupo de 30 jogadores, comissão, diretoria, torcida, e tu ir lá e manipular o resultado. É frustrante. Jamais faria isso com um companheiro meu, porque sei que trabalhamos para caramba para dar nosso melhor. É muito triste - disse, à rádio Itatiaia.
O jogador do Galo foi cuidadoso ao falar sobre os suspeitos, e disse ter receio de apontar o dedo.
- Jogadores que estão envolvidos foram infeliz, com certeza estão arrependidos. Imagino o quanto de arrependimento estão. É uma situação complicada. A maior facilidade do ser humano é apontar o dedo, criticar. Nesta hora temos de procurar fazer o nosso. É triste um companheiro de profissão passar por isso. É complicado até de comentar. É lamentável - afirmou.
O atacante relembrou a infância difícil para justificar a necessidade de honrar a profissão de atleta. Ele lamentou que alguns "joguem fora" a oportunidade.
- Sou informado pelo meu jurídico que a gente não pode apostar, a gente não pode manipular resultados. A gente tem que honrar. Sabemos o quanto que é dificil chegar. Eu vim de um bairro humilde da favela. Sofri muito, vi meus pais sofrerem pra caramba pra poder vencer na vida - disse.
Entenda o escândalo de manipulações
Por meio da Operação Penalidade Máxima II, o Ministério Público de Goiás investiga ações de uma quadrilha visando a manipulação de jogos de futebol no Brasil em 2022 e 2023.
Os agentes do MP-GO investigam pelo menos 20 partidas das Séries A e B do Brasileirão de 2022, além de dois campeonatos estaduais de 2023, o Paulista e o Gaúcho.
A nova denúncia, apresentada à Justiça recentemente, foi feita com base em conversas de aplicativos de mensagens. Através delas, os investigadores puderam encontrar os valores oferecidos a cada atleta para que tomasse cartões amarelos ou vermelhos, ou até cometessem pênaltis.
Bruno Lopez de Moura, tido como líder da quadrilha no esquema, foi detido na primeira parte da operação, mas acabou solto após habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Outros 16 suspeitos podem virar réus no caso.
O MP-GO pede a condenação do grupo liderado por Bruno Lopez e o ressarcimento de 2 milhões de reais aos cofres públicos por danos morais coletivos.