Ronaldinho durante seu primeiro treino no Atlético, em 4 de junho de 2012 (Foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)


Eram pouco mais de 15h da tarde daquela segunda-feira, 4 de junho de 2012, quando imagens aéreas da Cidade do Galo surpreenderam a todos: o astro mundial Ronaldinho Gaúcho, ex-Barcelona e Milan, chegava ao Atlético após uma negociação silenciosa. Neste sábado (4), o dia histórico para o Galo completa dez anos.



 

A diretoria do Atlético sequer havia anunciado a contratação de Ronaldinho. No início da tarde daquele 4 de junho, o meia-atacante chegou à Cidade do Galo, em Vespasiano, almoçou, se reuniu com parte da diretoria alvinegra (presidida, à época, por Alexandre Kalil) e foi conhecer as dependências.

De acordo com relatos de funcionários do CT, naquela oportunidade, o futuro camisa 49 se apresentou a todos com a simpatia e o sorriso no rosto que lhe são característicos. Logo no primeiro dia, treinou normalmente sob o comando do técnico Cuca.

A atividade foi acompanhada de perto pelos olhares curiosos de vários jogadores das categorias de base alvinegras, em admiração ao ídolo. O elenco profissional foi dividido em três partes e, com um colete branco, Ronaldinho participou de um bate-bola.




No final da atividade, Cuca dividiu o elenco em duas equipes e promoveu um breve jogo. O time de R49 perdeu por 2 a 1. Com certa timidez, pouca movimentação e expectativa para dar a volta por cima após críticas da torcida do Flamengo, Ronaldinho encerrava o seu primeiro dia como jogador do Atlético.
 
Dugout
 

Bastidores da negociação com Ronaldinho


Recebido com festa pelos torcedores do Flamengo em 2011, Ronaldinho viu a relação com os torcedores do Rubro-Negro ir "do céu ao inferno". Ainda que tenha sido o artilheiro do clube da Gávea no Campeonato Brasileiro daquele ano, com 14 gols, o relacionamento se desgastou com o passar do tempo por conta de más atuações.

Já em 2012, após sete gols em 22 partidas, Ronaldinho se via muito criticado pela torcida do Flamengo e pediu rescisão de contrato na Justiça por problemas com o clube, no fim de maio. Ao saber da notícia, Cuca contactou Alexandre Kalil para tratar sobre o interesse em contar com o jogador.




"Quando vi que Ronaldinho saiu do Flamengo, liguei para o Kalil, que estava negociando com o Juninho Pernambucano. A gente precisava de um 10, de um cabeça pensante, de um cara bom na bola parada. Liguei e disse: 'Kalil, apareceu o 10'. 'Quem é?', ele perguntou. Falei: 'Ronaldo'. 'Tem certeza?'. 'Sim'", relembrou Cuca em 2020.

Ronaldinho observa Cuca durante primeiro treino pelo Atlético (Foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)

O ex-presidente do Atlético viajou ao Rio de Janeiro para uma conversa franca com o astro do futebol mundial. Ele pretendia "recuperar" o alto nível do meia-atacante a partir, principalmente, de uma relação de amizade e confiança.

"Quando a gente recebe muitas críticas, acaba tendo vontade de dar a volta por cima, e eu vim com essa vontade. O presidente viu isso em mim e me convidou para vir para cá. Penso em fazer o meu melhor. Estou motivado para isso e almejando coisas boas. Chego para dar o meu máximo e ajudar o Atlético a conquistar títulos. O presidente me olhou nos olhos e me propôs a vinda para cá. Senti confiança, firmeza e isso foi fundamental", foram as palavras do ex-atleta à época.

Em pouco mais de dois anos de Atlético, Ronaldinho se transformou em um grande ídolo do clube. Ele foi figura ativa nas conquistas do Campeonato Mineiro e da Copa Libertadores da América em 2013, além da Recopa Sul-Americana de 2014. O meia-atacante deixou o Galo após 88 jogos, com 27 gols e 17 assistências.