Marcos Cláudio Costa de Moura e Castro, o Baby, na sede do Atlético (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)



A melhor fase do Atlético na história tem servido como um lenitivo para Marcos Cláudio Costa de Moura e Castro, o Baby, de 46 anos. Desde 2003, o fanático torcedor alvinegro convive com problemas de saúde por causa de uma operação malsucedida para redução de estômago. Em função das complicações, ele já passou por 22 cirurgias – a 23ª já está marcada para este ano. 




Em conversa com o Superesportes, Baby parece viver um misto de "eu acredito", o mantra atleticano ressoado na conquista da Copa Libertadores, em 2013, com um certo cansaço em função do seu estado de saúde – além do problema na região digestiva, ele trata uma depressão.

O desejo de estar na inauguração da Arena MRV, programada para 25 de março de 2023, e o prazer de acompanhar o grande time do Galo têm ajudado o torcedor a enfrentar o amargor da vida.

"Na última cirurgia que fiz, disse ao médico que queria ver a estreia da Arena MRV. Ele riu e falou que eu iria, apesar de ele ser cruzeirense", brincou.




"A Arena MRV é o sonho de todo atleticano, e também é o meu. Quero muito resistir a tudo isso, porque vejo que a cada cirurgia o meu corpo fica mais fraco, então tenho esse temor de entrar na mesa de cirurgia e não sair antes da inauguração da Arena MRV", disse. 

Início dos problemas

Marcos Castro e o médico Marcelo Farah (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)



Em 2003, Baby pesava 204 kg e resolveu fazer redução de estômago em busca de uma vida mais confortável. Contudo, o procedimento médico não ocorreu como esperado. É aí que começa o drama de Baby.

"A operação de redução do estômago não foi bem-sucedida. Fiquei seis meses internado no Hospital Vila da Serra. Mas o médico que me operou em 2003 até hoje é meu médico e virou meu amigo, Dr. Marcelo Farah. Se não fosse a ajuda dele, não sei nem se eu estava vivo", disse. 




O pior veio em 2015, quando uma nova cirurgia foi feita e perfurou o intestino do atleticano. "Em 2015, tive uma infecção no abdômen e fui internado no hospital Odilon Behrens e passei por uma operação. Nessa cirurgia, houve um erro. Uma médica perfurou a alça do meu intestino." 

"Hoje, o meu abdômen não fecha mais. Fico sempre corrigindo, mas não fecha desde 2015. Uma tela colocada na região abdominal arrebentou, ainda tenho resquícios dela que geram sempre mais infecções. Já fiz 22 cirurgias, a maioria para corrigir a redução do estômago", acrescentou. 

O problema de saúde limitou a vida de Baby. "Meu dia a dia é meio complicado. Começando que não tomo banho completo desde 2015, só com a mangueirinha, porque só posso lavar o abdômen com soro e sabão especial. Não posso carregar peso, no máximo 5kg. Hoje, só tenho 30cm de intestino delgado e já perdi boa parte do intestino grosso. Tenho que trocar o curativo no posto de saúde todos os dias, o que gera muita dor. Toda sexta-feira vou ao Dr. Marcelo Farah fazer um procedimento bem dolorido. Ele tenta retirar os pedaços infectados para não precisar de cirurgia, mas dessa vez a infecção foi grande", disse ele, que já tem nova operação marcada.

Baby não corre risco iminente de morte, o que o preocupa são as cirurgias: "Já não sei mais se meu caso tem solução. Os médicos sempre falam que vai ser a última cirurgia, mas já não acredito mais em cura".




Baby ao lado do amigo Dudu (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)



Todo o tratamento médico é feito no sistema público de saúde, o SUS. Ele também conta com o apoio de amigos, como Christiano Junqueira, o CJ, e Dudu, apresentador do Graffite, ambos da 98FM, entre outros. "Eles, com todas as organizadas, sempre me ajudaram muito", disse.

História nas organizadas


Marcos Cláudio Costa de Moura e Castro tem história nas maiores organizadas ligadas ao Atlético. Ele começou na Galoucura, passou pela Dragões da F.A.O e hoje, apesar dos muitos problemas, é dirigente ativo na Galo Metal.

"Entrei na Galoucura em 1988 e fiquei até 1994, quando fui convidado a ser vice-presidente da Dragões da F.A.O, a primeira torcida organizada do Galo. Sempre fui muito ligado às organizadas. Em 2003, meu amigo Tripa me chamou para entrar na Galo Metal, onde estou como diretor até hoje", disse.


Baby e outros torcedores do Galo ao lado de Taffarel (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)



Não faltam casos interessantes de Baby como torcedor. "Tem duas histórias que eu mais gosto: a primeira foi quando o presidente Paulo Cury me convidou para viajar com a delegação para Belém do Pará, no jogo Remo x Atlético, em 1996. Ficamos no mesmo hotel e viajamos no mesmo voo dos jogadores. Foi uma viagem épica. Ficamos cinco dias lá com muita festa com as torcidas do Remo e Paysandu", relembra.

"A segunda foi quando o Taffarel me convidou para a despedida dele em um clube de BH", acrescentou.