Rubens foi titular do Atlético na vitória por 1 a 0 sobre o Athletico-PR no último domingo (Foto: Pedro Souza/Atlético)

Quando pequeno, Rubens detestava perder. E tinha muito claro o que queria ser quando crescesse. Logo cedo, deixou a pequena Tumiritinga e seus 6 mil habitantes rumo a Governador Valadares, no interior de Minas Gerais, com um objetivo claro: tornar-se jogador de futebol. Obstinado, como relatam pessoas próximas, saltou de clube em clube até chegar ao Atlético aos 15 anos, em 2016. E de lá não saiu mais.


Para quem não o acompanha de perto, vê-lo despontar no profissional pode parecer surpreendente. Afinal, o garoto de apenas 20 anos conseguiu chamar atenção em meio aos mais experientes e começou a receber oportunidades em um elenco poderoso. No último domingo, foi titular - e destaque - da vitória alvinegra por 1 a 0 sobre o Athletico-PR, na Arena da Baixada, pelo Campeonato Brasileiro.
Mas os que conhecem a trajetória sabem que o foco de Rubens pode fazê-lo alçar voos ainda mais altos já neste início de carreira. "Técnico", "humilde" e "centrado" foram qualidades listadas por quem viu o crescimento pessoal e profissional do jogador nos últimos anos. Porém, nenhum adjetivo o descreve tão bem quanto competitivo. Às vezes, até demais.
"O Rubens é um jogador muito competitivo, determinado, trabalhador, humilde para ouvir as orientações e aplicar no dia a dia de trabalho pensando em evoluir", elogia o técnico Marcos Valadares, que o dirigiu no sub-20 do Atlético em 2021.


"Ele é muito competitivo, quer vencer. Competia em excesso, tinha que controlar para diminuir o risco de lesão. Alguns episódios anteriores mostram isso. Impulsivo, em alguns momentos ele exagerava e acabava se lesionando ou tomando cartões evitáveis. A gente teve essa conversa para que ele se controlasse um pouquinho mais", relembra o comandante.
E as conversas deram certo. Em 2021, Rubens vivia um momento de pressão. Afinal, era o último de três anos na equipe sub-20, último passo antes de chegar ao profissional. Nos primeiros, sofreu com sérios problemas físicos e, por fazer parte do time de sparring do técnico Jorge Sampaoli, teve poucas oportunidades para jogar.
"É um jogador que teve muitos problemas na formação: cirurgia, problema na coluna, ficou um tempo sem treinar... O ano passado para o Rubens foi uma readaptação ao futebol. Internamente, a gente acreditava que tinha potencial para se desenvolver. E quem vai definir isso é o atleta", conta o diretor das categorias de base do Atlético, Erasmo Damiani.


Nesse momento de pressão, Rubens passou na prova de fogo. Era volante e começou a jogar adiantado, como meia ofensivo. Foi o artilheiro do time no ano, com 15 gols marcados em 32 jogos oficiais. Distribuiu, ainda, dez assistências. Apesar da mudança de posição, não perdeu competitividade e combatividade.
"É um cara que se dedica totalmente ao jogo, tem boa técnica, bom passe, cabeceia bem, marca bem. Os números dele no Brasileiro Sub-20 (de 2021) comprovam isso. Fez gols, deu assistências e foi o jogador que mais roubou bola do campeonato", completou Valadares.


Ascensão

Poucos se lembram, mas a estreia de Rubens no profissional faz tempo. Foi em 7 de março de 2021, quando entrou no segundo tempo da goleada do Atlético por 4 a 0 sobre o Uberlândia, no Mineirão, pelo Campeonato Mineiro, em jogo que marcou a estreia de Hulk. Depois disso, retornou ao time sub-20 e voltou a jogar na equipe de cima só este ano, após se destacar no Brasileiro Sub-20 e na Copa São Paulo de Futebol Júnior.




Ganhou confiança sob o comando do técnico Antonio Mohamed, que não titubeou ao escalá-lo como lateral-esquerdo. Foi bem diante da Caldense, pelo Mineiro, e ganhou confiança. Na posição, chegou a dar uma assistência. "Ele já jogou de lateral na base, não é uma surpresa. Está mostrando que pode fazer duas funções para a equipe", elogia Damiani.

O bom desempenho como lateral o fez ganhar moral. O 'Turco', então, decidiu dar a Rubens oportunidades como meia. Entrou no segundo tempo do jogo contra o Deportes Tolima-COL (vitória por 2 a 0, pela Copa Libertadores) e foi titular contra o Athletico-PR. Na Arena da Baixada, destacou-se com 19 passes certos (83% dos tentados), três passes decisivos e quatro desarmes.

Rubens em ação durante a vitória do Atlético por 1 a 0 sobre o Athletico-PR (Foto: Pedro Souza/Atlético)


"Ao mesmo tempo em que o torcedor está surpreso positivamente, vai precisar de paciência quando Rubens tiver momentos baixos nesse processo. Tem que dar crédito, porque se jogadores experientes passam por instabilidades e turbulências, imagine um menino que ainda está em formação", alertou Damiani.




Enquanto os momentos baixos não chegam, Rubens vive o sonho que tanto motivou o garoto nascido no interior mineiro. E sempre com a mente aberta para continuar em evolução. "O profissional é muito diferente da base, a gente é muito mais exigido. Os treinos e os jogos são muito mais exigentes. Mudou muito, muda também a cabeça do atleta - para melhor, com certeza. É aprender com o pessoal que já está aqui há mais tempo", disse.