O Atlético está muito próximo de um acordo com Cristian Pavón, do Boca Juniors. Antes de iniciar conversas com o atacante, o Galo investigou a vida do argentino de 26 anos, tanto dentro das quatro linhas quanto fora delas. Causou preocupação a acusação de violência sexual feita por Gisela Marisol Doyle contra o jogador, em fevereiro de 2021. Contudo, o clube investigou o caso e acredita que não há nada que possa macular a imagem do atleta.
"A gente mandou fazer uma análise dessa acusação. E, pelo que foi constatado pelo nosso representante, isso já foi contornado e não tem nada que possa pesar contra o jogador", disse o advogado e vice-presidente do Atlético, José Murilo Procópio, em entrevista ao Superesportes. "Pedimos a um profissional isento para apurar e ter acesso aos documentos desse caso", destacou.
Questionado se já havia um acordo assinado com o atacante, José Murilo Procópio negou: "É um jogador que agrada muito. Ele caiu no nosso sistema Ciga (Centro de Informação do Galo) e levantamos toda situação dele. Mas não assinamos contrato ainda", destacou.
Em entrevista ao canal do atleticano Breno Galante no Youtube, o vice do Galo falou em tom de acordo. "Não, não tem (nada que possa prejudicar). Está tudo certo", disse. "Eu gosto do jogador. Eu acho uma grande conquista do Atlético, acho que vem somar. É um belo jogador", frisou.
Nesta quarta-feira, José Murilo Procópio comentou a participação no programa: "Não sei se fiz me entender bem, mas não tem contrato assinado ainda".
O empresário do atacante tampouco confirmou o acerto. "Não vamos tomar nenhuma decisão até ter o passe livre", disse Fernando Hidalgo, em contato com a reportagem.
Cristian Pavón tem contrato com o Boca Juniors até 30 de junho e não continuará no clube. Na trajetória pelo time argentino, ele marcou 36 gols e deu 42 assistências em 163 partidas.
Cristian Pavón tem contrato com o Boca Juniors até 30 de junho e não continuará no clube. Na trajetória pelo time argentino, ele marcou 36 gols e deu 42 assistências em 163 partidas.
Suposto estupro
O caso de suposta violência sexual ocorreu na Argentina, em fevereiro de 2021, logo após o retorno do atleta dos Estados Unidos, onde defendeu o Los Angeles Galaxy por empréstimo. Gisela Marisol Doyle deu detalhes da acusação nas redes sociais.
"Essa pessoa (Pavón) não merece estar no clube (Boca Juniors), pois por seus maus atos terá que responder à Justiça. Por que eles fazem ouvidos moucos? Há um ano venho enfrentando muitas situações e tentando curar feridas e fazer a Justiça agir. O que está acontecendo com o clube do qual sou torcedora? Eles deveriam agir... Não aguento mais tanta hipocrisia... Espero e desejo que levem esse tipo de atitude em consideração", disse.
"Eu só quero que a Justiça seja justa. Porque o que essa pessoa fez comigo não tem nome. Um ano de sofrimento, um ano para avançar, um ano para me fortalecer. Eu não terei piedade como você não teve piedade de mim", acrescentou Gisela Marisol Doyle.
A defesa de Pavón alegou que a acusação era falsa. "O senhor Pavón e toda sua família estão muito tranquilos, confiando que a Justiça agirá e a verdade e os interesses ilegítimos por trás dessa falsa denúncia feita contra ele serão demonstrados", destacou.
A Polícia de Alta Gracia, em Córdoba, na Argentina, realizou a investigação. Por meio do profissional que cuida do caso, o Atlético obteve parecer informando que as provas não comprovam que houve violência sexual. Além disso, houve um suposto acordo entre a mulher e o jogador para o caso não ter outros desdobramentos midiáticos. O Galo não teme que esse vire um novo caso Robinho.
Casos Robinho e Cuca
Repercussão mundial do protesto contra Robinho
O Atlético contratou Robinho, em fevereiro de 2016. Naquela época, o atacante já respondia a um processo na Justiça por 'violência sexual em grupo' contra uma albanesa que na época tinha 29 anos. Em novembro de 2017, ele foi condenado em primeira instância a nove anos de prisão.
O Atlético disse o seguinte naquele momento: "O clube mantém a postura de não comentar um assunto que é particular do jogador e que ainda está sendo discutido judicialmente".
O Atlético disse o seguinte naquele momento: "O clube mantém a postura de não comentar um assunto que é particular do jogador e que ainda está sendo discutido judicialmente".
Um coletivo de torcedoras denominado "Feministas do Galo" afixou faixas em frente à sede administrativa do clube, no Bairro de Lourdes, pedindo ação da diretoria.
"Robinho foi condenado por estupro e o Galo se calou diante disso, assim como o futebol se cala para o fato de acontecer um estupro no Brasil a cada 11 minutos. Acumulamos histórias de violência de jogadores contra as mulheres e não vamos mais permitir esse silêncio ensurdecedor. Ele já foi condenado e, ainda que caiba recurso, isso não isenta o jogador e o clube de realizarem um profundo processo de reflexão e autocrítica acerca do processo de banalização da violência contra a mulher. Além de acharmos inaceitável a diretoria do Galo não se posicionar, esperamos que não renovem o contrato com o jogador", disse o grupo.
Um outro grupo de atleticanas fez manifestação de apoio a Robinho naquela época.
"Robinho foi condenado por estupro e o Galo se calou diante disso, assim como o futebol se cala para o fato de acontecer um estupro no Brasil a cada 11 minutos. Acumulamos histórias de violência de jogadores contra as mulheres e não vamos mais permitir esse silêncio ensurdecedor. Ele já foi condenado e, ainda que caiba recurso, isso não isenta o jogador e o clube de realizarem um profundo processo de reflexão e autocrítica acerca do processo de banalização da violência contra a mulher. Além de acharmos inaceitável a diretoria do Galo não se posicionar, esperamos que não renovem o contrato com o jogador", disse o grupo.
Um outro grupo de atleticanas fez manifestação de apoio a Robinho naquela época.
Em dezembro de 2017, Robinho deixou o Galo. Em janeiro deste ano, o atacante foi condenado em última instância, na 3ª Seção Penal da Corte de Cassação de Roma, a nove anos de prisão. Por morar no Brasil, a possibilidade de prisão do jogador ainda é considerada remota por seus representantes.
O caso de Cuca e de outros três jogadores do Grêmio, Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi, condenados por abuso sexual da jovem Sandra Pfäffli, de 13 anos, na Suíça, em 1987, ficou nas sombras por décadas e voltou aos holofotes em março do ano passado, quando o treinador foi contratado pelo Atlético.
Em agosto de 1987, o Grêmio fez uma excursão à Suíça. Os quatro atletas foram presos no Hotel Metropolitano, em Berna, por terem abusado de Sandra Pfäffli, que tinha ido com amigos ao quarto dos jogadores para pedir uma camisa do clube gaúcho.
Eles ficaram presos durante quase 30 dias e voltaram ao Brasil ao fim da fase de instrução do processo, ainda em 1987.
Em 1989, Cuca, Henrique e Eduardo foram condenados a 15 meses de prisão e multa de US$ 8 mil cada um. Fernando foi penalizado por ter sido cúmplice com três meses de prisão e multa de US$ quatro mil.
Nenhum deles foi ao julgamento - o Grêmio enviou o advogado do clube -, nem cumpriu a pena, já que o Brasil não extradita seus cidadãos.
Eles ficaram presos durante quase 30 dias e voltaram ao Brasil ao fim da fase de instrução do processo, ainda em 1987.
Em 1989, Cuca, Henrique e Eduardo foram condenados a 15 meses de prisão e multa de US$ 8 mil cada um. Fernando foi penalizado por ter sido cúmplice com três meses de prisão e multa de US$ quatro mil.
Nenhum deles foi ao julgamento - o Grêmio enviou o advogado do clube -, nem cumpriu a pena, já que o Brasil não extradita seus cidadãos.
Mesmo com certa rejeição no início, Cuca foi um dos protagonistas do melhor ano da história do Atlético, com as conquistas do Campeonato Mineiro, da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro.
Saiba mais
- Caso Cuca, do Atlético, mostra como sociedade e jornalismo mudaram
- Torcedoras feministas pedem posição do Atlético sobre condenação de Robinho por crime sexual e querem fim de contrato
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- Repercussão mundial do protesto contra Robinho