A palavra da vez na alta cúpula alvinegra é "continuidade". Afinal, o Atlético teve em 2021 a melhor temporada de sua centenária história. Campeão mineiro, brasileiro e da Copa do Brasil no ano passado, o Galo quer repetir o caminho das conquistas em 2022. A maior parte do elenco se manteve, mas peças importantes foram substituídas e outras chegaram. No comando técnico, a mudança mais significativa: Cuca deu lugar a Antonio 'Turco' Mohamed. E é assim que o melhor time do país abre a pré-temporada, que se inicia nesta segunda-feira, na Cidade do Galo.
"Esse ano de 2021 foi muito bacana para o Atlético, foi desafiador, com muita coisa para fazer. Estou otimista para 2022. Já tem uma estrutura montada, o time está mais organizado, gestão... Acho que vamos estar na frente de 2021", projetou, esperançoso, o empresário Rubens Menin, integrante do órgão colegiado que administra o clube.
A declaração do mecenas alvinegro data de dias após a sonhada conquista da Série A, que findou um jejum de quase 50 anos. De lá para cá, o planejamento do Atlético foi abalado com a saída de Cuca, oficializada em 28 de dezembro de 2021. O treinador mais vitorioso do clube alegou motivos pessoais para não cumprir o contrato, que valia até o fim desta temporada.
Ali começou a turbulenta busca da diretoria por um novo treinador. O preferido Jorge Jesus, que havia acabado de ser demitido do Benfica, declinou. Em seguida, foi a vez de Carlos Carvalhal - que, a exemplo de JJ, é português - dizer 'não' e preferir permanecer no Braga, quarta força do futebol lusitano. A terceira negativa veio da América do Sul: o argentino Eduardo Berizzo, ex-Seleção Paraguaia, recusou a oferta apresentada pelo Atlético.
Foi quando a cúpula alvinegra, liderada pelo diretor de futebol Rodrigo Caetano, abriu o leque. As opções seguintes foram o português Luís Castro (empregado pelo Al Duhail, do Catar) e, enfim, o argentino Antonio Mohamed. O 'Turco' aceitou prontamente o convite do Galo, apontado por muitos como a maior oportunidade da sua carreira como treinador, que dura quase duas décadas. O ex-atacante fez carreira como técnico na Argentina e no México, além de ter tido curta passagem pelo futebol espanhol.
"Estou muito feliz por assumir um grande clube, o Galo. Quero agradecer a toda a direção, em especial o presidente (Sérgio Coelho), por confiar em nós. Estou muito animado e digo à massa que pode esperar de nós muito esforço, muita garra e muita dedicação para continuar ganhando títulos. Estamos muito felizes e aguardamos domingo para chegarmos a Belo Horizonte e poder estar com toda a massa atleticana. Vou me esforçar para falar um bom português. Prometo que vou aprender em pouco tempo. Estou contente e agradecido pela oportunidade", disse o novo comandante do Atlético.
Saídas
"A gente acredita muito em continuidade do que foi feito até agora, de (continuidade de) filosofia do que foi feito até agora", pregou Rodrigo Caetano. 'Continuidade', entretanto, não significa que mudanças não devam ser feitas. O elenco multicampeão em 2021 sofreu importantes alterações recentes, motivadas especialmente por questões financeiras. Além de reforçar os cofres com vendas, a diretoria entende que pode enxugar a folha salarial - ou, ao menos, mantê-la no mesmo patamar do ano anterior.
Foi nesse sentido que o Atlético acertou os empréstimos dos meio-campistas Alan Franco (Charlotte FC), Nathan (Fluminense) e Hyoran (Red Bull Bragantino), que possuem vencimentos considerados altos para jogadores reservas. "O objetivo também é nos adequar à realidade do nosso orçamento. A mudança de algumas peças não é técnica. Que o torcedor entenda: nós não estamos comparando os que saem com os que chegam. É uma necessidade do clube de fazer alguns ajustes financeiros", pontuou Caetano.
Onde estão e para onde vão os jogadores emprestados pelo Atlético
Além do trio de emprestados, o elenco do Atlético perdeu dois nomes de peso: o zagueiro Junior Alonso e o centroavante Diego Costa. Capitão do time, o defensor paraguaio foi vendido ao Krasnodar, da Rússia, por 8,2 milhões de dólares (R$ 45,42 milhões na cotação atual). Já o hispano-brasileiro acertou, em comum acordo, a rescisão do contrato que valia até o fim desta temporada.
Chegadas
Por outro lado, houve também aquisições ao elenco. Formados na base atleticana, o zagueiro Vitor Mendes e o meio-campista Guilherme Castilho, ambos de 22 anos, voltam ao clube após se destacarem em período de empréstimo ao Juventude. A dupla se apresenta no CT nesta segunda-feira.
No mercado, o Atlético contratou três jogadores. O reforço mais impactante é o de Diego Godín, de 35 anos, que deixou o Cagliari, da Itália. Capitão da Seleção Uruguaia, o defensor fez carreira na Europa e foi um dos pilares da ascensão do Atlético de Madrid de Diego Simeone. "Obrigado, Atlético! Feliz e com muita vontade de já estar com vocês. Obrigado a todos pelas mensagens de carinho. Nos vemos logo!", escreveu.
O Atlético também reforçou o ataque. Destaque do América nas últimas temporadas, o ponta Ademir assinou contrato até o fim de 2024. O centroavante Fábio Gomes, ex-New York Red Bulls, foi comprado do Oeste em acordo válido até dezembro de 2025. A dupla chega com status de reserva, mas com expectativa de ser importante ao longo da desgastante temporada de 2022.
No meio-campo, a diretoria atleticana firmou um pré-contrato com o volante Otávio. Revelado na base do Athletico-PR, o jogador de 27 anos tem vínculo com o Bordeaux, da França, até o fim da temporada europeia (junho) e, depois, vai se juntar ao elenco campeão brasileiro.
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Temporada desgastante
É com essas mudanças que o Atlético inicia 2022 mais uma vez como um dos grandes candidatos a título do futebol brasileiro. O time terá pela frente cinco competições: o Campeonato Mineiro, o Campeonato Brasileiro, a Supercopa do Brasil, a Copa do Brasil e a Copa Libertadores.
A estreia do Atlético na temporada será em 26 de janeiro, menos de duas semanas após o início da pré-temporada. A equipe enfrenta o Villa Nova, pelo Mineiro. Em função do calendário apertado, o planejamento prevê que jovens e reservas sejam utilizados nas partidas iniciais do Estadual.
A primeira disputa de título será em 20 de fevereiro, contra o poderoso Flamengo. As equipes se enfrentam pela Supercopa do Brasil, em local ainda indefinido. Depois, começam as disputas da Copa do Brasil, do Brasileirão e da Libertadores - única taça que faltou no histórico 2021 alvinegro.