Jogadores do Atlético festejam com a torcida no Mineirão (Foto: Pedro Souza/Atlético)

Belo Horizonte parou em 2 de dezembro de 2021. A noite aguardada ansiosamente por quase cinco décadas, enfim, havia chegado. Nas ruas da cidade, o alvinegro era o fardamento oficial para a multidão que saiu de casa, durante a pandemia, para celebrar o fim da espera de uma vida. Os heróis, porém, só chegaram mais tarde, já na madrugada do dia seguinte. Afinal, o Atlético foi campeão longe dos atleticanos. Neste domingo, porém, o elenco terá a oportunidade de festejar mais uma vez ao lado da massa que tanto o apoiou. Às 16h, a bola rola para o duelo com o Red Bull Bragantino, pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro. Mas o que menos importa no Mineirão é o que se passará em campo.




Nas arquibancadas, são esperados quase 62 mil torcedores, que esgotaram em poucas horas os ingressos colocados à venda para a festa. Os milhares representarão milhões que ansiavam por esse momento desde aquele 19 de dezembro de 1971, quando Dadá pulou para fazer história e marcar de cabeça o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo. O primeiro título brasileiro, que deu início a uma angústia de 50 anos encerrada na última quinta-feira, com a épica virada por 3 a 2 sobre o Bahia, na Fonte Nova.

Será a chance de ver a taça voltar para aquela que foi sua primeira casa. Em campo, a oportunidade de acompanhar um dos grandes times de um clube centenário. O criticado Everson, que vingou Taffarel; o garoto Nathan Silva, que representou as gerações históricas de grandes jogadores formados na base; o capitão Junior Alonso, que vai repetir Oldair; o craque Guilherme Arana, que fez o que ninguém espera de um lateral; os incansáveis Allan, Jair e Zaracho, que nunca se entregaram e foram quase atleticanos em campo; o cerebral Nacho, que regeu a orquestra; o artilheiro Hulk, que viveu - e honrou - o que Reinaldo merecia ter vivido; o herói Keno, que entrou para a eternidade.

Quem não puder ir, vibrará de casa ou dos bares. Afinal, fora do estádio, BH continua preta e branca. Nas ruas, torcedores carregam o escudo que se acostumaram a exibir com orgulho até mesmo nos piores momentos. Andar pelo Centro é ouvir gritos de "Galo" a cada 20 passos e se deparar com pôsteres, faixas, camisas e bandeiras em toda esquina. "Não era para mim que eu queria o título. É para esse povo que precisava e, graças a Deus, nós conseguimos. Se fosse escolher um enredo, deveria ser dessa forma, sofrida" desabafou o técnico Cuca.






E em campo?

Jogadores se vestiram de torcedores e celebraram até o sol raiar nessa sexta-feira. A reapresentação foi na manhã de sábado, com um treinamento descontraído na Cidade do Galo: os atacantes Sasha e Vargas jogaram no gol, os goleiros Everson e Rafael foram para a linha, o capitão Junior Alonso desfez a imagem de "xerife" e apareceu com o cabelo descolorido. No "rachão", melhor para o time de Tchê Tchê, que não poupou os "adversários" nas brincadeiras.

Em meio ao clima descontraído - que certamente seguirá até o jogo -, o técnico Cuca manteve mistério em relação à estratégia para as duas partidas derradeiras do Brasileirão. Até porque o bicampeão ainda não está de férias. Em uma semana, disputará mais uma taça: a da Copa do Brasil, na final contra o Athletico-PR. As partidas estão marcadas para os dias 12 (em BH) e 15 (em Curitiba).

Certo é que a comissão técnica alvinegra não conta com o zagueiro Réver (em recuperação de lesão) e o atacante Sasha (suspenso). O defensor, aliás, corre contra o tempo para ficar à disposição nas decisões do mata-mata, uma vez que o titular Nathan Silva não pode jogar por já ter atuado na competição com a camisa do Atlético-GO.




Por outro lado, Cuca conta com três reforços: os volantes Allan e Jair e o centroavante Diego Costa. O trio cumpriu suspensão na vitória na Bahia e está livre para jogar. A tendência é que o treinador escale um time próximo do considerado titular e opte por poupar na quinta-feira contra o Grêmio - último jogo antes das finais da Copa do Brasil. Os mais desgastados, porém, já não entrarão em campo neste domingo.



O adversário

Do outro lado do campo, o Red Bull Bragantino tenta amargar a festa alvinegra. O time do técnico Maurício Barbieri é o sexto colocado do Brasileirão, com 53 pontos, e ainda busca se garantir matematicamente na próxima Copa Libertadores.

Os paulistas vêm em uma sequência ruim após perder o título da Copa Sul-Americana para o Athletico-PR. Desde o revés no Uruguai no último dia 20, foram dois jogos do Brasileiro, com um empate e uma derrota. A hora de se recuperar, diz Barbieri, é agora.




"Era uma meta ideal (a classificação para a fase de grupos da Libertadores), independentemente da campanha que fossemos fazer na Sul-Americana. É um objetivo, um desejo nosso, mas é fato que precisamos fazer mais para conquistar essa vaga. Acho que já demorou, já passou tempo demais da final. Precisamos ter uma outra postura, precisamos reagir", disse.

O treinador tem cinco desfalques para a partida: os zagueiros Léo Ortiz (suspenso) e Léo Realpe (lesão), o volante Raul (lesão) e os meias Eric Ramires (lesão) e Lucas Evangelista (lesão). Dos cinco, Léo Ortiz é a ausência mais recente e deve ser substituído por Natan.

ATLÉTICO X RED BULL BRAGANTINO

Atlético
Everson; Mariano (Guga), Nathan Silva, Junior Alonso (Igor Rabello) e Guilherme Arana; Allan, Jair e Matías Zaracho; Hulk, Keno e Diego Costa
Técnico : Cuca

Red Bull Bragantino
Cleiton; Aderlan, Fabrício Bruno, Natan e Luan Cândido; Emi Martínez, Jadsom e Praxedes; Artur, Cuello e Ytalo
Técnico : Maurício Barbieri

Motivo : 37ª rodada do Campeonato Brasileiro
Data e horário : domingo, 5 de dezembro de 2021, às 16h (de Brasília)
Local : Mineirão, em Belo Horizonte (MG)

Árbitro : Rodolpho Toski Marques (Fifa/PR)
Assistentes : Bruno Boschilia (Fifa/PR) e Sidmar dos Santos Meurer (PR)
VAR : Sávio Pereira Sampaio (DF)