A história de
Felipe Silveira
, de 36 anos, torcedor fanático do
Atlético
que comoveu o país em um post no Twitter
relatando o difícil momento na luta contra um câncer no estômago
, descoberto em 2018, ultrapassou as fronteiras de Minas e do Brasil. Como forma de alento, os diretores e a equipe de produção do filme
'Lutar, lutar, lutar'
, que detalha fatos marcantes do Galo e foi exibido em festivais internacionais, oferecerá a Felipe-Fiu Galo, como é conhecido nas redes sociais, a chance de assistir em casa, ao lado da família, ao belo relato sobre os 113 anos de vida do clube do coração.
Tão logo viu a repercussão emotiva causada pela reportagem publicada pelo
Superesportes
sobre o drama relatado pelo próprio Felipe, os diretores do filme se sensibilizaram. Helvécio Marins, que também é torcedor do Atlético e mora em Portugal, conversou com o parceiro de trabalho, Sérgio Borges, sugerindo que o filme fosse uma forma de levar alento e acolhimento para toda a família. Com isso, a equipe de produção entrou em contato com os pais de Felipe, que terá a oportunidade de assistir à obra em uma sessão exclusiva e particular em casa.
Em contato com o
Superesportes
, Sérgio Borges disse que a história comoveu todos que trabalharam na produção de 'Lutar, lutar, lutar'. Assim que deixar o hospital e voltar para casa, Felipe receberá o DVD com o filme para assistir acompanhado da família. "Toda a equipe de produção, de distribuição do filme achou que a gente poderia ter esse gesto de cuidado, de carinho, e decidimos mandar o filme para ele", contou.
"A gente se emociona todas as vezes que vemos o filme, pois a história do Atlético é de superação, de redenção e de muita força. A gente achou que poderia ter esse gesto de cuidado. Ele vai sair do hospital e nos dará um sinal positivo para mandarmos o filme para ele assistir ao lado do pai. É um gesto que vai dar a ele alegria, conforto, e é importante qualquer forma de cuidado, acolhimento e afeto neste momento. Ele ficou bem animado com nossa ideia e provavelmente na semana que vem essa sessão exclusiva vai acontecer", projetou o diretor.
Sérgio Borges ainda comentou sobre a mensagem deixada por Felipe, que relatou o drama provocado pela doença. "Diante do que ele vive, só dá para a gente torcer. Ele disse que os médicos falaram que só por um milagre vai sobreviver. Mas que milagres aconteçam. O próprio Atlético e o pé esquerdo do São Victor são exemplos disso", ressaltou o diretor, citando a inesquecível defesa do 'canonizado' goleiro em chute cobrado por Riascos, do Tijuana, pela Copa Libertadores de 2013.
O gesto dos diretores não se resume ao caso de Felipe. Antes, em março deste ano, a dupla Sérgio e Helvécio mandou um DVD da obra para que uma atleticana, já debilitada devido a um câncer em estágio avançado, tivesse a chance de assistir ao filme do clube de coração para ter momentos de alegria. Dona Iza, no entanto, não conseguiu ver a produção na íntegra, já que faleceu uma semana depois de receber o presente em casa, segundo Sérgio. Mas ficou o gesto positivo de carinho que só o amor ao próximo pode proporcionar em meio a tanto drama.
Filme
Ao longo de 110min, o filme traz à tona momentos marcantes do Atlético nos 113 anos de história, como a viagem à Europa em 1950, que resultou no título simbólico de 'campeão do gelo', eternizado no hino do clube, conquistas estaduais e trajetória vitoriosa na Copa Libertadores de 2013. São mostrados também a participação na Série B do Brasileiro, em 2006, e muito drama com derrotas em competições nacionais e internacionais. Mais de 50 pessoas foram entrevistadas no processo, como ex-jogadores, técnicos, antigos dirigentes e jornalistas.
No Festival de Roterdã, o filme foi exibido na segunda parte do evento, já com salas de cinemas liberadas com capacidade de 30% do público. Mas houve ainda a veiculação em plataforma on-line, com ingressos comprados para o acesso digital. Sérgio Borges, que não pôde comparecer por causa das restrições impostas pela pandemia, recebeu mensagens de atleticanos que residem na região e foram assistir à produção na cidade holandesa.
"Roterdã é um dos festivais mais importantes da Europa e do mundo. Então, é muito incrível exibirmos o filme lá. Eles não sabiam até a véspera se haveria público, mas as salas de cinema foram liberadas com 30% da capacidade. E o filme foi exibido on-line para o público holandês, que poderia comprar ingresso para assistir. Atleticanos que assistiram lá nos contaram que gostaram muito, e um deles viajou por quase 300km para assistir ao filme em Roterdã", relatou.
O filme particiará do Festival Vila do Conde, em Portugal, mas no Brasil ainda não há uma data para o lançamento. Sérgio Borges informou que a intenção é que até o fim deste ano, dependendo da situação da pandemia no país, a produção ganhe as salas de cinema. Outra hipótese é a exibição on-line. "Nosso sonho, quando fizemos o filme, é que a torcida do Atlético acompanhe o filme unida em uma sala de cinema", declarou.