Segurança denuncia injúria racial em jogo do América; clube repudia
Funcionário do estádio registrou BO após ter sido chamado de 'macaco' por torcedor do Coelho na partida contra o Ceará; ambos foram levados para a delegacia
Por Samuel Resende
09/06/2022 18:36
- Atualizado em: 09/06/2022 20:51
Um segurança do Estádio Independência que trabalhou na derrota do América para o Ceará, por 2 a 0, nessa quarta-feira (9), pelo Campeonato Brasileiro, denunciou um caso de injúria racial.
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Segundo Boletim de Ocorrência, a vítima fazia ronda pelo corredor do estádio, quando passou a ser ofendida pelo suspeito: "Macaco, macaco, macaco fedido, macaco, safado".
O segurançal relatou que procurou sua coordenadora para contar os fatos imediatamente. No entanto, quando retornaram, o torcedor não se encontrava no local.
Após o ocorrido, a vítima voltou a encontrar o mesmo torcedor próximo ao banheiro. Ele teria olhado diretamente para o funcionário do estádio e feito gestos imitando um macaco. Com isso, o segurança e o restante da equipe detiveram o suspeito até a chegada da polícia, que levou ambos para a delegacia para lavrar o Boletim de Ocorrência.
Reincidência
Ainda de acordo com o Boletim de Ocorrência, o torcedor já teria cometido um ato de injúria racial no dia 30 de abril, quando o América venceu o Athletico-PR por 1 a 0, também pelo Brasileiro.
Na ocasião, o americano tentou entrar no estádio com uma garrafa de metal, mas foi impedido por um segurança. A vítima dessa quarta-feira se aproximou para auxiliar na abordagem, mas o torcedor disse: "macaco, odeio essa raça"; "seu filho da p***"; "passa fome assalariado".
Posicionamento do acusado
Em relação ao ocorrido no jogo contra o Ceará, o suspeito alegou, na delegacia, que estava comprando cerveja, quando o segurança começou a encará-lo com "olhar intimidador". Neste momento, ele teria encarado de volta e dito, "o que você está me olhando?".
Já sobre o episódio de 30 de abril, o homem denunciado por injúria relatou que foi ao alambrado de acesso ao campo com o neto de 2 anos. O segurança teria se aproximado e pedido que deixasse o local.
Neste momento, segundo o Boletim de Ocorrência, o torcedor afirmou que estava apenas mostrando o gramado para a criança, mas teve o dedo quebrado pelo mesmo funcionário do estádio.
Clube e torcedores repudiam
Em nota, o América repudiou o acontecimento e disse que apura a situação para tomar as medidas cabíveis.
O clube afirma que o suspeito não é sócio do programa Onda Verde e espera que, caso seja comprovada a injúria racial, sejam aplicadas punições ao autor do crime.
Além do Coelho, o movimento Resistência Americana Antifacista, torcidas organizadas, como a Barra UNA e a Seita Verde, além de influenciadores e canais independentes também lamentaram o acontecimento e pediram banimento do torcedor no estádio.
Nota do América
O América Futebol Clube repudia qualquer ato de racismo ou injúria racial. Diante da denúncia de injúria racial ocorrida contra um profissional da área de segurança, no jogo contra o Ceará, na Arena Independência, o Clube vem apurando a situação desde que tomou conhecimento dos os fatos para tomar as medidas cabíveis e coibir atos discriminatórios e preservar a quem teria sofrido a injúria racial.
O Clube esclarece que o suspeito não faz parte do Programa Onda Verde. Se fosse, seria suspenso até o término do processo. Apesar dos trâmites legais, o América espera que, comprovada a injúria racial, punições exemplares sejam aplicadas por parte dos órgãos competentes. O Clube entende que a sensação de impunidade prejudica em muito as ações de combate ao racismo e demais preconceitos.
O América acrescenta que o posicionamento e combate a qualquer tipo de preconceito deve ir muito além do ambiente virtual. Por isso, o Clube está estudando formas de orientar e apoiar os colaboradores, prestadores de serviço e torcedores de como denunciar esses crimes e situações que, infelizmente, têm acontecido com frequência no futebol e no mundo.
Nota das torcidas organizadas, canais independentes e influenciadores do América