América: 'Eu não faria o negócio do Messias', diz Salum
Coordenador de futebol revelou bastidores da transferência e também detalhou negociação com o Palmeiras por Ademir
Marcus Salum, coordenador de futebol clube-empresa do América, foi veemente em sua discordância em relação à venda do zagueiro Messias ao Ceará. A negociação foi selada em março, quando o clube nordestino investiu R$ 2 milhões por 50% dos direitos econômicos do atleta. Em entrevista ao canal do jornalista Jorge Nicola, Salum foi enfático: ‘Eu não faria o negócio’.
“Eu tenho certeza que, se eu estivesse aqui, eu não faria o negócio do Messias. Não estou criticando quem fez. Eles tiveram seus motivos. Venderam 50% por R$ 2 milhões. O América continua detentor de 50%”, afirmou.
Questionado por um espectador sobre o ‘baixo valor’ da negociação, Salum foi sincero e disse que não poderia interferir, já que não compunha a direção do América àquela altura. O empresário deixou a presidência do clube em 28 de fevereiro, e só retornou 50 dias depois, quando a negociação já havia sido concretizada.
“Essa pergunta eu não posso responder, porque eu não estava. Foi o período em que eu estava fora. Não gostei da venda. Acho que faltou um pouco de experiência ao lidar com o atleta. Porque quando o atleta fala: ‘Quero sair, quero sair’, eu chego lá no Flamengo e falo assim: ‘Quanto ganha o Gabigol?’; ‘Ah, ganha 100 mil’; ‘Então, Gabigol, te dou 300’. Mas eles esqueceram que tem um pedaço no meio que é o passe preso ao Flamengo”, disse.
A analogia com o Flamengo foi a 'base' utilizada por Salum para explicar a negociação com o Ceará. Na avaliação do coordenador de futebol do América, faltou ‘maldade’ ao clube para lidar com o desejo do jogador em se transferir.
“Chegaram no Messias e falaram: ‘Eu dobro o seu salário’. Aí, ele fez aquele carnaval que todo jogador faz, e que eu falo: ‘Vai correr um pouquinho em volta do campo para você esfriar a cabeça. Corre um pouquinho. Você tem contrato, aceita lá no banco. Porque na hora você quis assinar o contrato. Eu estou te pagando em dia’. Eu acho que faltou um pouquinho de maldade nessa hora”, opinou.
Contratações do América para a temporada 2021
Ademir e Palmeiras
Marcus Salum também revelou detalhes da negociação com o Palmeiras, que envolveu o atacante Ademir. O dirigente recebeu contato direto de Maurício Galiotte, presidente do clube paulista.
“O Maurício (Galiotte) é muito meu amigo, e ele me ligou e disse: ‘Salum, estou interessado no Ademir’. Eu já estava no processo de saída. 'Maurício, eu tenho uma palavra com o Ademir, que eu vendo por um valor X à vista'. Essa eu dei a palavra para ele, quando eu renovei o contrato dele mais um ano”, afirmou.
“Jogador de time menor as pessoas acham que não tem valor. Eles acham que o time vai pegar qualquer coisa. Aí me ofereceram um valor. Eu falei: ‘isso eu não faço’. ‘Até quanto você aceita?’; ‘Só aceito o que eu pedi’. Aí, eu estava fora, começou um movimento para ‘dobrar’ os outros. Eu falei: ‘Se vender desse jeito, eu vou para oposição. Estou fora. Não vou vender desse jeito porque é um jogador importante para o América’”, completou.
Por fim, Salum detalhou a nova proposta feita pelo Verdão, que tinha interesse de parcelar a compra de Ademir. O dirigente foi enfático na recusa e revelou conversa com o jogador sobre a situação.
“Aí, liguei para o Palmeiras. Eles aumentaram a proposta, mas queriam parcelamento até 2023. 2023 eu não sei nem se estou aqui no América, não sei quem vai ser o presidente do Palmeiras, não sei se o jogador está vivo, se está jogando, se não está. Não tem condição de fazer parcelado. Se você chegar, eu tenho palavra com o jogador. Ainda brinquei com o Ademir: ‘Volta para o campo e começa a fazer gol de novo. Você vai valer mais ainda’”, finalizou.