'Acho que tem que mudar a chave. Série A é totalmente diferente da Série B', afirma o versátil Pablo (Foto: Carlos Cruz/América)


Dos jogadores contratados pelo América para 2016, Pablo é um dos que têm maior experiência na Série A do Campeonato Brasileiro. Com passagens por Vasco, Cruzeiro, Figueirense e Avaí, o volante/lateral-direito soma 67 partidas na elite nacional e sabe dos percalços que o alviverde enfrentará no ano que vem. “Acho que tem que mudar a chave. Série A é totalmente diferente da Série B. É mais técnica e não perdoa erros. Temos que focar no objetivo principal, que é lutar pela permanência”, diz o jogador.



No bate-papo exclusivo com a reportagem do Superesportes, Pablo também exalta a sua gratidão pelo Coelho, que lhe abriu as portas na temporada’2014 num momento difícil da carreira. “Sou muito grato às pessoas que me ajudaram. Fui muito feliz no América como não era há muito tempo”. Pelo Coelho, ele disputou 40 jogos, marcou um gol e deu sete assistências. O bom desempenho fez o técnico Givanildo Oliveira e o assistente Cláudio Prates convidarem o versátil atleta a retornar ao Lanna Drumond, onde ele viveu momentos inesquecíveis. “O importante é 2016 ser tão maravilhoso quanto foi 2014”, frisa Pablo.

ENTREVISTA COM PABLO
Qual a sensação de voltar a um clube pelo qual você demonstra carinho e se saiu muito bem na primeira passagem?
É um sentimento de gratidão. O América abriu as portas para mim, juntamente com o Moacir Júnior (ex-técnico), na época em que eu vivia um momento difícil na carreira. Sou muito grato às pessoas que me ajudaram. Fui muito feliz no América como não era há muito tempo.

O que pesa nesse retorno ao América? Chegou a ser procurado por outros clubes?
Fui procurado por outros clubes, graças a Deus. Estive em 37 jogos do Campeonato Brasileiro e joguei 28. Uma boa média para a Série A. É normal aparecer convites e sondagens. Mas o convite do América pesou muito no meu coração. É um time extremamente estruturado, com CT impecável, estádio maravilhoso e salários em dia. Poucos clubes te dão tanto conforto como o América faz. Além disso, tenho um carinho muito grande que me trouxe de volta. Retorno ao lugar de onde nunca queria ter saído.



Volta para ser lateral-direito ou volante?
Não conversei sobre isso ainda com o Givanildo e o Claudinho. Não quero me restringir a uma posição apenas. Sei que posso fazer outras funções. No Avaí, por exemplo, atuei em várias partidas como lateral de segunda linha (uma espécie de ala ou meia-atacante). Outras vezes atuei como terceiro volante. Não sei o que gosto mais... na verdade sei sim. Gosto de jogador todos os jogos, se possível.

Você jogou a Série A pelo Avaí e sentiu na pele as dificuldades da competição – o clube catarinense acabou rebaixado à Segunda Divisão. Qual a receita do América para montar um time competitivo em 2016 e se firmar na elite?
Acho que tem que mudar a chave. Série A é totalmente diferente da Série B. É mais técnica e não perdoa erros. Temos que focar no objetivo principal, que é lutar pela permanência. Em 2010 fui vice-campeão brasileiro com o Cruzeiro e vi como foi gostoso e diferente disputar um título. Mas sei que dificilmente um time que sobe de divisão já briga pelo G-4 no ano seguinte. São raras as exceções. Então temos que conseguir a permanência para melhorar ainda mais em 2017.

Tendo em vista que o América jogará vários campeonatos – Mineiro, Primeira Liga, Copa do Brasil, Brasileirão –, qual a importância de ter um grupo forte desde janeiro?
É importantíssimo pensar não apenas no agora, mas até a 38ª rodada do Brasileiro. O calendário está apertadíssimo e as competições estão cada vez mais difíceis. As equipes consideradas menores estão dificultando e buscando a cada dia posições melhores. Então temos que fazer uma boa pré-temporada, pois é o que vai servir de alicerce para todo o ano. O América tem profissionais capacitados tanto nas partes física e fisiológica quanto na parte técnica. Tenho certeza que farão um grande trabalho novamente.



Você disse que nutre um carinho muito grande pelo América em função da passagem de 2014. Espera, em 2016, ambiente semelhante?
Em 2014 era maravilhoso. Tínhamos de tudo: jogadores engraçados, mais sérios, mas sempre unidos. Todos se preocupavam muito com o América e sempre queriam ajudar. Com certeza sentirei falta de alguns que não estão mais no clube, casos do André zagueiro – meu melhor amigo – e do Júnior Negão atacante. Ainda havia Obina, Willians... mas reencontrarei com outros que permaneceram: Leandro Guerreiro, João Ricardo, Fernando Leal, Xavier, vários. Posso estar me esquecendo de alguém, mas o importante é 2016 ser tão maravilhoso quanto 2014.

E com o técnico Givanildo Oliveira e o assistente Cláudio Prates? Qual a relação?
De muito respeito. Eles são meus comandantes. No tempo que estive com os dois, nunca lhes faltei com respeito. Sempre os ouvi e procurei aprender alguma coisa. Acho que até por ter acontecido isso, recebi o convite para voltar. Senão, com certeza não receberia. São duas pessoas sérias e trabalhadoras, extremamente amigos e companheiros. Lembro que, em 2014, tive um problema particular. O Givanildo ligou para o Salum (ex-presidente) e pediu para que ele resolvesse isso. Se não resolvesse, o próprio Givanildo disse que resolveria. Era um problema financeiro. Nunca me esquecerei disso.

Em 2014 o América subiu dentro de campo, mas perdeu seis pontos no STJD (escalou o lateral-esquerdo Eduardo irregularmente) e terminou a Série B em quinto, com 61, um a menos que o quarto colocado Avaí. Foi um dos maiores baques da sua carreira?
Foi muito triste ter a sensação de dever cumprido e no final não receber o prêmio. Foi assim que nos sentimos. Tivemos um turno espetacular, mas no returno vivemos de tudo. De líder a lanterna com uma enorme diferença de pontos a ser tirada. Assistíamos aos jogos do Joinville (campeão da competição), mas ao mesmo tempo ficávamos de olho no Vila Nova-GO, no América-RN e nos outros que tentavam escapar da Série C. Foi uma loucura. No fim conseguimos remontar e por um ponto não subimos à Primeira Divisão.



O Estádio Independência pode ser um aliado do clube em 2016?
Ganhar em casa é um passo importantíssimo para fazer grande campanha na Série A e o América tem tudo para fazer ótimos jogos no Independência. O estádio é nosso e possuímos uma identificação com ele. O que pudermos segurar de pontos no Independência, vamos segurar. Além, claro, de tentar buscar alguns pontos fora.

Por fim, qual será o grande objetivo do Coelho no ano seguinte?
Sou sincero em todas as entrevistas. Acho que chegou a hora de o América lutar pelo título mineiro. O clube pode sim conseguir esse feito. Na Copa do Brasil tentar chegar o mais longe possível. E no Campeonato Brasileiro permanecer na primeira divisão, conquistar o mais depressa possível a pontuação necessária e quem sabe lutar até pela Copa Sul-Americana. Esse é o pensamento de um cara que gosta do América e entende que a permanência na elite será fundamental para ir melhorando cada vez mais nos anos seguintes na Série A. É nisso que acredito.