A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) rompeu o contrato de transmissão do Campeonato Carioca com o canal de streaming Flow Sport Clube nesta terça-feira (8). 

O encerramento da parceria ocorre após o apresentador Bruno Aiub, o Monark, defender a criação de partidos nazistas no Brasil.

"A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), defensora da igualdade, do respeito e contrária a qualquer tipo de preconceito, anuncia o rompimento do contrato com o Estúdios Flow, responsável pelo podcast Flow Sport Club que transmitia jogos do Campeonato Carioca de 2022, por apologia ao nazismo, regime cujos crimes contra a humanidade até os dias de hoje causam horror a qualquer um que preze pela vida", diz a nota oficial da FERJ. 

O integrante do Flow falou sobre o assunto durante a conversa com os deputados Federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP) no programa transmitido na noite dessa segunda-feira (6).

Na discussão, Monark afirmou que todos devem ter direitos à liberdade de expressão e cita o nazismo como um deles.

"A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical na minha opinião. As duas tinham que ter espaço na minha opinião. Eu sou mais louco que todos vocês. Eu acho que deveria ter o partido nazista reconhecido pela lei", iniciou o argumento.

Em meio às falas, Tabata Amaral questiona diversas vezes o apresentador, dizendo que ser anti-vida é crime. No entanto, Monark segue com o argumento e diz que é a favor da liberação de qualquer tipo de pensamento. 

"Mas as pessoas não têm direito de serem idiotas? De que forma (coloca uma população em risco)?. (O holocausto) era quando era uma maioria. Acho que dentro da expressão, temos que liberar tudo. O que é liberdade do outro? Injúria é liberdade do outro? A questão é, se o cara quiser ser um anti-judeu, acho que ele tinha o direito de ser. Você vai matar quem é anti-judeu? Ele não está sendo anti-vida, ele não gosta dos ideais", explicou. 

Em seguida, a deputada volta a rebater e diz que o judaísmo não é só um sistema de ideais. O apresentador responde: "mas é também. Questionar é sempre válido, acho que você pode questionar o que quiser." 

O Flow não se manifestou após o rompimento de contrato com a FERJ, mas Monark publicou um vídeo em suas redes sociais na manhã desta terça-feira. O apresentador alegou que estava bêbado e se desculpou.

"Eu queria fazer esse vídeo só para pedir desculpa. Eu errei, a verdade é essa. Eu fui defender uma ideia, que é uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, como nos Estados Unidos. Fui defender essa ideia de um jeito muito burro, falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica. Eu peço perdão pela minha insensibilidade. Mas peço também um pouco de compreensão. São quatro horas de conversa, eu estava bêbado, fui insensível sim, errei na forma como me expressei", disse. 

Ele reconhece o erro e pede para que a comunidade judaica vá ao programa do Flow para conversar e 'explicarem mais sobre toda a história'. 

"Dá a entender que estou defendendo coisas abomináveis, é uma me***, errei muito. Eu não sei, peço compreensão de vocês mesmo, e peço desculpas a toda comunidade judaica, desculpa mesmo, não queria ser insensível, não foi minha intenção. Eu convido, inclusive, os maiores representantes dessa comunidade para virem conversar comigo, para me explicarem mais sobre toda a história". 

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) repudiou a fala de Monark. Parceiras comerciais do Flow, a Puma e a Mondelez Brasil, detentora da marca de chocolate BIS, afirmaram que não compactuam com o apresentador. 

Após a polêmica, Zico, ex-jogador e ídolo do Flamengo, cancelou a presença no podcast do Flow Sport Club nesta terça-feira. Antony Curti, comentarista de futebol americano nos canais ESPN, foi outro a repudiar as declarações e desmarcar a ida ao programa.  

O Flow tinha direito à transmissão de 16 partidas do Carioca. Os streamers Casimiro, Gaules e Ronaldo TV, a emissora Record TV e Cariocão Play são os outros canais que exibem o Estadual.