Jornalista José Trajano criticou a venda de 90% das ações da SAF do Cruzeiro para o ex-jogador Ronaldo Fenômeno (Foto: Reprodução/YouTube)


 
A venda de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol do Cruzeiro para Ronaldo Fenômeno tem dividido opiniões. Por meio da empresa Tara Sports, o ex-jogador investirá R$ 400 milhões ao longo dos próximos cinco anos para ser sócio majoritário do clube celeste. Na visão do jornalista José Trajano, a negociação "não cheira bem". 



 
 

Em comentário no UOL News Esporte, o colunista afirmou que, se fosse cruzeirense, não aceitaria a negociação e protestaria contra o clube se tornar uma propriedade de Fenômeno.

"Eu acho que o torcedor quer saber e quer ter participação no clube, ele não quer ter um dono, o Ronaldo dono do Cruzeiro. Por que o Ronaldo é dono do Cruzeiro? Se é para ter algum dono do Cruzeiro, deixa o Tostão ser o dono do Cruzeiro, o Dirceu Lopes, o Piazza, o Natal, aquele time maravilhoso. Tem que ver o seguinte, todos os negócios onde o Ronaldo se meteu não deram certo. Ele já teve uma agência de gerenciar carreira de jogador, sócio de não sei o quê", disse Trajano.

O fundador dos canais ESPN Brasil destacou a situação financeira terrível que o Cruzeiro vive, mas disse que a história da venda não cheira bem, afirmando que Ronaldo não é um salvador. 




"Não me cheira bem essa história, eu gostaria que o Cruzeiro arranjasse, porque o Cruzeiro está nessa situação, está certo, está numa situação terrível financeira porque os dirigentes lá, péssimos dirigentes, ladrões do clube, colocaram o Cruzeiro nessa situação. Mas o Ronaldo não é nenhuma salvação, de jeito nenhum. Eu se fosse cruzeirense estaria na porta carregando um cartaz 'Fora, Ronaldo!", ressaltou. 
 
Entenda os detalhes da venda do Cruzeiro a Ronaldo 

O acordo fechado entre Cruzeiro e Ronaldo prevê o aporte de R$400 milhões nos próximos anos. O dinheiro será aplicado tanto na montagem do time de futebol quanto no pagamento de dívidas - atualmente na casa de R$1 bilhão. A associação civil do clube manteve participação de 10% na sociedade.

Ao adquirir 90% das ações da SAF celeste, Ronaldo será o responsável por controlar o destino das receitas de futebol do Cruzeiro: televisão, premiação, patrocínio, publicidade/marketing, produtos licenciados, vendas de direitos econômicos de jogadores, etc. Já a associação civil continuará detentora dos patrimônios, como as Tocas da Raposa I e II, o prédio onde funcionava a sede administrativa na Rua dos Timbiras e os clubes de lazer do Barro Preto e da Pampulha.




A empresa de Ronaldo que controlará 90% das ações da SAF do Cruzeiro será responsável solidária pelas dívidas da associação civil.  Com base na Lei Federal nº 14.193, de 6 de agosto de 2021, a obrigação do clube-empresa é destinar 20% das receitas e 50% dos lucros para diminuir o passivo.

Se em seis anos 60% do débito original for liquidado, o prazo para a extinção dos 40% restantes será prolongado por mais quatro anos. Ou seja, em um eventual acordo fechado em 2022, o Cruzeiro SAF teria até 2032 para "zerar" as pendências do CNPJ antigo.

Vale lembrar que o Cruzeiro tentará negociar a dívida de R$1 bilhão, de modo que consiga descontos com os credores e um prazo de pagamento acima dos 10 anos previstos na lei.