Wagner contou bastidores do Cruzeiro após o vice-campeonato da Libertadores de 2009 (Foto: Superesportes)


O vice-campeonato do Cruzeiro na Copa Libertadores de 2009 ainda rende histórias inéditas. Em entrevista ao Superesportes, o meia Wagner, atualmente no Vila Nova-GO, revelou a reação do então presidente celeste, Zezé Perrella, ainda no vestiário, logo após a derrota por 2 a 1 para o Estudiantes, no Mineirão. 




 
Com o empate por 0 a 0 no jogo de ida, no Estádio Ciudad de La Plata, na Argentina, a Raposa precisava de vitória simples em Belo Horizonte para conquistar o torneio continental pela terceira vez em sua história. Henrique chegou a abrir o placar, mas Fernández e Boselli viraram para o Estudiantes.
 
Titular nos dois jogos, Wagner disse que passou noites sem dormir após o vice-campeonato. Para ele, a conversa com Perrella ao fim da partida foi essencial para superar a derrota. 
 
"Passei várias noites sem dormir depois daquilo. Foi a pior derrota da minha carreira e de vários jogadores que estavam lá. Mas me apego muito ao que o Zezé Perrella falou após a final. Estava todo mundo assim, 'quero parar de jogar futebol'. Foi um baque gigantesco", disse. 



 
Segundo ele, Zezé falou sobre a imprevisibilidade do futebol, citando conquistas com times teoricamente mais fracos e derrotas com equipes mais qualificadas. 
 
"Ele falou uma coisa que é só o cara que tem vivência na bola, que passou por tudo, poderia dar uma palavra daquelas. Ele falou, 'gente, eu já ganhei campeonato em que não era para a gente ganhar, não tínhamos time. E já perdi campeonatos em que tínhamos o time, mas não era nosso momento'", lembrou Wagner. 
 

Cruzeiro 1 x 2 Estudiantes: "Não era nosso dia", disse Zezé

 
Wagner conta que Zezé evitou criticar os jogadores. Em vez disso, segundo ele, valorizou  a entrega em campo. 




Ao perguntar ao dirigente o que ele quis dizer com a afirmação, o jogador ouviu a seguinte resposta: "Ele falou, 'nosso time é bem melhor do que o deles, a gente competiu, mas não era nosso dia, nosso momento, não veio para a gente'. Não falhamos, não fizemos nada de errado. Entramos lá e batalhamos. Mas os caras foram melhores".

Zezé Perrella assumiu pela primeira vez a presidência do Cruzeiro em 1994, cargo que ocupou entre 1995 e 2002, durante três mandatos seguidos. Em 2003, seu irmão Alvimar assumiu a cadeira. Zezé voltou a ser presidente em 2009, encerrando a última passagem em 2011.

Após a derrota para o Estudiantes, conta Wagner, o dirigente listou títulos importantes sob seu comando, como o da Libertadores de 1997, mas também outro vice-campeonato, o da Copa do Brasil, em 1998 - o Cruzeiro foi derrotado pelo Palmeiras na final.  

"Ele falou, 'já ganhei a Copa do Brasil no último segundo. Fui campeão da Libertadores em que todo mundo era emprestado, não servia para nada. Na primeira fase, teríamos que ganhar e no último jogo torcer para o céu virar, vir chuva, o outro perder, e fomos campeões. Ou seja, era para acontecer'. Na hora que ele disse aquilo, falei, 'é, foi um baque grande, mas vida que segue'", comentou o meia.



 

Wagner no Cruzeiro

 
Wagner tem história importante no Cruzeiro. Marcou 36 gols em 219 partidas, entre 2004 e 2009 - com exceção de 2007, quando atuou pelo Al Ittihad FC, da Arábia Saudita. 

Pela Raposa, foi vice-campeão da Libertadores em 2009 e conquistou o Campeonato Mineiro três vezes (2006, 2008 e 2009). 
 
Declaradamente cruzeirense, o jogador de 37 anos diz que espera ver o time conquistar a Libertadores nos próximos anos. 

"Ainda quero ver o Cruzeiro chegar, quem sabe chegue à final da Libertadores de novo, vamos torcer muito, porque merece. Essa feridinha está aberta, ainda quero ver o Cruzeiro campeão da Libertadores novamente. E não vai demorar", projeta.



 
Wagner tem contrato com o Vila Nova até o fim da temporada e estuda se irá renovar ou não com a equipe goiana. Neste ano, ele disputou a Série B do Campeonato Brasileiro, mas não enfrentou o Cruzeiro: estava lesionado em um jogo e, no outro, foi poupado.