Revelado pelo América e com longa história no Cruzeiro, Wagner foi o convidado da vez no quadro Por Onde Anda?, do Superesportes. Na entrevista, o meia de 37 anos analisou a temporada no Vila Nova-GO e revelou que pensa em se aposentar, mas ainda reflete sobre a decisão.
O Vila terminou a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro em 13º lugar, com 47 pontos - cinco a mais do que o CSA, primeiro time na zona de rebaixamento. Apesar de assegurar a permanência na Segunda Divisão, a equipe precisou dar a volta por cima após um primeiro turno muito negativo, em que terminou na 20ª e última posição.
"Vivemos uma temporada de inferno e céu. Começamos o ano bem no Campeonato Goiano, mas caímos na semifinal. Tínhamos condições de brigarmos para sermos campeões, mas não engrenamos. Começamos a Série B empatando muito, depois demitiram nosso técnico, o Higo (Magalhães). Depois chegou o segundo treinador, o Dado (Cavalcanti), com outra filosofia, maneira de jogar diferente. Tentamos nos adaptar, mas não também não conseguíamos vencer", conta o experiente jogador.
Depois de duas trocas no comando técnico, o clube começou a ter mais resultados positivos com a chegada de Allan Aal. Para Wagner, o treinador foi essencial na recuperação do Vila na Série B.
"Ali já estávamos em último há várias rodadas. Todo mundo já dava a gente como rebaixado, até as matérias saiam com o Vila com 1% de chance de escapar do rebaixamento. Quando chegou o Allan mudou a gente, nosso mindset, nossos treinamentos, nos colocou para o alto, incentivou, traçou pequenas metas, o que foi maravilhoso", explicou.
Contratado no início da temporada, Wagner disputou 40 partidas em 2022, sendo 30 como titular. Marcou dois gols e deu assistências. Além da disputa da competição nacional, o time foi à semifinal do Campeonato Goiano e à terceira fase na Copa do Brasil, sendo eliminado pelo Fluminense. Para ele, o primeiro ano no clube foi de adaptação.
"O primeiro ano para mim é reconhecimento de território. Você chega, vê como funciona o clube, aprende como a torcida e a imprensa reagem. No começo teve muita cobrança, o que é normal. O time não engrenou bastante, e nos jogadores mais velhos têm mais pressão. Lá na frente, quando tudo encaixou, e o Allan conseguiu traçar um caminho com GPS, fomos alcançando as metas, subindo escadinha por escadinha até conseguirmos nos livrar (do rebaixamento)", analisou.
Ausências contra o Cruzeiro
Apesar de disputar a Série B, Wagner não reencontrou o Cruzeiro nesta temporada. No primeiro turno, o meia se recuperava de uma lesão no adutor direito e foi ausência na vitória celeste por 2 a 0 no Mineirão. No segundo turno, ele foi poupado pelo técnico Allan. O Vila encarou a Raposa já campeã e venceu por 1 a 0, no estádio Onésio Brasileiro Alvarenga (OBA).
"Eu queria muito ter jogado, mas eu estava em uma sequência de jogos, seis ou sete (seguidos), jogando duas vezes por semana, com muita ponte aérea. (...) É muito desgastante. O treinador falou comigo, 'Wagner, vou te descansar porque eu prefiro que você descanse um jogo - justamente contra o Cruzeiro - do que eu te perder o resto do campeonato'. Eu falei que estava tranquilo, aqui tem confiança no grupo, tanto é que o Matheuzinho entrou e decidiu", disse o atleta.
Mesmo acompanhando de longe, o camisa 17 do Vila não esconde o carinho que tem pelo Cruzeiro. Ele diz que torceu muito para o seu ex-clube e elogiou o estilo de jogo da equipe mineira.
"Aqui em casa todo mundo torceu (pelo Cruzeiro). Ficamos muito felizes que conseguiu subir para Série A, de onde nunca poderia ter saído. Tomara que se acerte. A maneira de jogar do Cruzeiro está bonita, é uma equipe que joga para frente, não tem que mudar o perfil", afirmou.
Renovação com o Vila Nova?
Wagner tem contrato com o Vila Nova até dezembro deste ano. O jogador disse que já tinha planos de se aposentar, mas repensa essa decisão com o bom fim de temporada do clube.
"Eu queria me aposentar. Tinha traçado essa meta com minha esposa e meus filhos. Depois que eu passei dos 34 (anos) ela me perguntou até quando eu queria jogar, e eu disse que aos 37 anos eu faria 20 anos de profissional, é um bom número. Mas como terminamos o ano muito bem... até o Allan falou comigo, 'você não vai se aposentar não velhinho, ainda vai mais, dá conta, se cuida, treina muito'", explicou.
"Eu preciso sentar com minha família, conversar de novo. Já tive duas propostas, e o Vila também já manifestou interesse em renovar. Eu preciso sentar com minha esposa e meus filhos e ver o que vai ser no futuro. Fico feliz que ainda estou produzindo, isso me deixa tranquilo", completou o meia.
Mesmo com outras propostas na mesa, Wagner admite que dará prioridade para a continuidade no Vila Nova. No entanto, evitou garantir a permanência no clube goiano.
"Eu tenho que ser honesto e claro com o pessoal que me deu a oportunidade depois que saí do Juventude. Eu permanecendo (como jogador), vou conversar primeiro com o Vila, por respeito, carinho e por tudo que vivemos aqui, eu devo isso a eles, tenho que dar prioridade sim. Quando me chamaram para vir para cá não pensei duas vezes", explicou.
O futuro de Wagner
Mineiro de Sete Lagoas, Wagner já faz planos para a possível aposentadoria. Após tantos anos dedicados ao futebol - podendo estender por mais uma temporada - o jogador pretende aproveitar a família e ir para sua fazenda, no interior de Minas Gerais.
"Sem dúvida nenhuma ir para a roça, cuidar de gado e plantar soja. Quero curtir demais minha fazendinha, pescar muito, andar de cavalo, curtir meus pais, meus familiares que eu passei muitos anos sem ver. Abri mão de muita coisa. Eu saí de casa com 11 anos, tenho quase ¾ da minha vida dedicados ao futebol e ao esporte. Não pulei carnaval, não fui à balada, viagem. Tenho muita coisa para fazer", disse.
No momento, o meia ainda não pensa em se tornar treinador ou dirigente, mas admite que é uma possibilidade depois do descanso. "Nossa senhora (risos). Não vou descartar. Muita gente fala que eu tenho o perfil, mas é uma coisa que precisa aflorar. Hoje, ainda não. Quem sabe no futuro. Quem calça a chuteira, quando vai ao campo e vê a bola, dá uma saudade, e aí vai ser difícil."
Antes de tomar a decisão final, Wagner ainda deve entrar em campo pelo Vila Nova em 2022. O time disputa o título da Copa Verde e enfrentará o Brasiliense na semifinal. O jogo de ida está marcado para quarta-feira (9/11), às 20h, no Estádio Boca do Jacaré, em Taguatinga-DF.
Por Onde Anda?
O Por Onde Anda? é um quadro quinzenal publicado no Superesportes e no YouTube do Portal UAI. Nele, são entrevistados ex-jogadores e ex-técnicos de América, Atlético e Cruzeiro que estão aposentados ou em mercados alternativos do mundo da bola.
Nesta semana, Wagner relembrou a trajetória no Cruzeiro, contou casos de bastidores, polêmicas de Libertadores e torcida, além de outros momentos especiais na carreira. Veja, abaixo, a entrevista na íntegra.
O jogador marcou 36 gols em 219 partidas pelo Cruzeiro entre 2004 e 2009 - com exceção de 2007, quando atuou pelo Al Ittihad FC, da Arábia Saudita. Pela Raposa, foi vice-campeão da Libertadores em 2009 e conquistou o Campeonato Mineiro três vezes (2006, 2008 e 2009).