Ex-zagueiro do Atlético e do América, Lima foi o convidado do Por Onde Anda? desta semana (Foto: Superesportes)


Revelado pelo Atlético, Lima voltou ao clube em fevereiro de 2022, mas para exercer uma função diferente: a de auxiliar técnico no Sub-17. Em participação no Por Onde Anda?, do Superesportes, o ex-zagueiro relembrou momentos marcantes vestindo a camisa alvinegra e contou detalhes da nova rotina. 



Veja a entrevista completa:




Lima se aposentou em 2020, após uma rápida passagem pelo Villa Nova. Desde então, concluiu a Licença B da CBF e ainda pretende fazer o curso de gestão da entidade. Assim que deixou os gramados, entrou em contato com o Atlético para conversar sobre a possibilidade de realizar um estágio na Cidade do Galo.
 
"Desde meus 30 e poucos anos eu já vinha me organizando. Era um desejo meu de continuar no futebol após minha aposentadoria, fora dos gramados. No ano passado eu entrei em contato com o pessoal do clube e pedi oportunidade para entrar no estágio, acompanhando as categorias, para saber como funcionava as escalas e participar desse novo projeto da minha vida e da minha futura carreira", explicou.
 
A negociação evoluiu, e o ex-zagueiro ficou cinco meses como 'estagiário' no clube que o revelou. Hoje, aos 37 anos, trabalha ao lado do técnico Fernando Oliveira no Sub-17. Apesar de estar feliz na nova função, o ex-jogador ainda não se decidiu quanto ao futuro. 



 
"Voltar agora para mim foi muito especial. Minha carreira como atleta se iniciou no Galo e hoje caminhando para uma futura carreira de treinador ou futuro gestor, ainda não tenho muito definido o que eu quero, até por ter colocado a parte técnica", projetou.
 

O auxiliar do Atlético

 
Segundo Lima, uma das principais atribuições do auxiliar-técnico é estar atento individualmente para os mais de 30 atletas da categoria. Além disso, ele conversa frequentemente com o treinador para a montagem do elenco e sobre a preparação para as partidas. 
 
"Tenho tentado proporcionar para o nosso treinador essa discussão de montagem do elenco, de tentar proporcionar para os meninos o melhor do nosso trabalho, a competitividade do dia, sempre com atenção muito grande em todos os atletas. Temos um elenco com mais de 30 atletas, então precisamos dar muita atenção a todos", disse.



 
"Tento auxiliar o Fernando nessa parte técnica, individual, com as edições de vídeo. Conversamos muito o que vamos fazer para o jogo. Dentro do que ele pensa, a gente, como comissão, tentamos colocar alguns contrapontos para ele ver algo diferente, mas sempre com a intenção de proporcionar o melhor", completou o ex-zagueiro. 
 

Lima no Atlético

 
Natural de Ribeirão Preto-SP, Lima chegou ao Atlético em 2004, com 19 anos, após defender o Corinthians-AL nas categorias de base. A estreia como profissional foi no ano seguinte, sob o comando de Tite, hoje técnico da Seleção.
 
E a primeira chance surgiu logo em um clássico contra o Cruzeiro. No Mineirão, o zagueiro atleticano Henrique foi expulso ainda no primeiro tempo, e Lima foi acionado no intervalo, no lugar de Fábio Junior. Apesar da derrota por 2 a 1 no Campeonato Brasileiro, o ex-jogador lembra com carinho desta partida. 



 
"Foi muito legal. Eu estava preparado, mas não imaginava que iria entrar no clássico, ainda mais zagueiro que é mais difícil de jogar. Quando tive a oportunidade, foi a noite mais feliz da minha vida. Foi muito especial. Dali projetou minha carreira para 18 anos como atleta", afirmou.

Rebaixamento à Série B

 
Naquele ano, Lima fez parte do time que foi rebaixado à Série B do Brasileiro. Apesar disso, o ano seguinte foi especial para o então defensor. Além do título da Segunda Divisão, o jovem se consolidou na zaga alvinegra.
 
"Aquele ano foi muito legal, falando individualmente. Eu pude cravar meu pé no profissional em 2006 e depois conseguir o título Mineiro em 2007. Foi muito especial, e dar a volta por cima dentro de campo foi o grande marco para continuar jogando em alto nível durante minha carreira", afirmou.



 
Após o título estadual, Lima foi sondado por algumas equipes do futebol europeu, como Milan-ITA e Newcastle-ING, mas foi o Real Betis, da Espanha, que avançou nas negociações. 
 
"Um pouco antes, o Leão (técnico) conversou comigo, perguntou como eu estava, e eu disse, 'professor, eu estou desde 2005, 2006 joguei e 2007 tenho jogado também. Tive uma proposta concreta de um clube espanhol, uma oportunidade muito grande, um valor bom para o clube.' E eu queria seguir minha carreira, uma oportunidade única de jogar na Europa", explicou o ex-zagueiro.
 
Lima ainda pediu ao então presidente do clube, Ziza Valadares, para ser vendido. O dirigente aceitou, e o Betis pagou cerca de € 2,8 milhões pelo seu passe (cerca de R$ 7,2 milhões na época). O valor foi dividido em 50% entre Atlético e Corinthians-AL.



 

Passagem na Europa  

 
Lima disputou apenas 14 jogos pelo Real Betis entre 2007 e 2009, ano em que deixou o clube espanhol. Na segunda temporada, ele não recebeu muitas oportunidades por causa do técnico espanhol Francisco Chaparro Jara. Segundo o ex-jogador, o europeu tinha má vontade com sul-americanos e por isso não o escalava. 
 
Além disso, Lima sofreu uma grave lesão e ficou afastado por um longo tempo. De longe, acompanhou o time espanhol ser rebaixado à Segunda Divisão. Ao retornar, decidiu deixar o clube e voltar ao Brasil.
 
Lima chegou a acertar as bases salariais com o Flamengo, mas um exame detectou um problema de cartilagem em um dos tornozelos, e a transferência não se concretizou. Com isso, o ex-zagueiro retornou à cidade do Galo no início de 2010.



 

Volta ao Atlético

 
Lima ficou pouco mais de dois anos no Atlético antes de se despedir de vez do clube. Neste período, teve forte concorrência, principalmente em 2012, quando Leonardo Silva e Réver formaram a dupla de zaga que se tornaria campeã da Libertadores em 2013.
 
Com o pouco tempo de jogo, o ex-jogador tomou a decisão de buscar novas oportunidades e acertou com a Portuguesa-SP. Para ele, a segunda passagem também foi especial, principalmente pelo título Mineiro em 2012.
 
"Não tenho reclamação nenhuma, pelo contrário. Minha passagem foi muito especial, pude voltar a ser campeão estadual de novo, invicto ainda, o primeiro título do (novo) Independência. Eu quis sair para ter mais oportunidades de jogar, ainda estava no auge da minha idade. A Portuguesa me surgiu como opção muito boa, por estar no eixo de São Paulo, com projeção legal no cenário nacional", relembrou.



 
Ao todo, Lima disputou 140 jogos e marcou seis gols pelo Atlético. Além da Portuguesa, ainda defendeu Botafogo-SP, Fortaleza e Ituano antes de voltar ao futebol mineiro.
 

Título com o América e final da carreira

 
Lima acertou com o América em 2017 e fez parte do grupo campeão da Série B naquele ano. O ex-zagueiro lembra com carinho do primeiro ano pelo Coelho.
 
"Meu primeiro ano no América foi muito legal. Eu cheguei e, mesmo não tendo tantas oportunidades de jogar, nós fomos campeões da Série B, foi muito importante. Um grupo fantástico, com o Enderson (Moreira), nosso treinador, e que marcou o clube", disse.



 
Apesar da primeira temporada positiva, o então defensor sofreu uma grave lesão no joelho direito em abril de 2018, ano em que o clube alviverde retornou à Segunda Divisão. A partir disso, pouco atuou e deixou o América em 2019, com apenas sete jogos disputados. Ainda houve tempo para atuar em duas partidas pelo Villa Nova, em 2020, antes de se aposentar oficialmente. 
 

Por Onde Anda? 

 
O Por Onde Anda? é um quadro quinzenal publicado no Superesportes e no YouTube do Portal UAI. Nele, são entrevistados ex-jogadores e ex-técnicos de América, Atlético e Cruzeiro que estão aposentados ou em mercados alternativos do mundo da bola. 
 
Nesta semana, Lima também falou sobre o rebaixamento do Atlético em 2005, a importância de Levir Culpi na volta à Série A, atritos na Europa e contou detalhes de como funcionam as categorias de base do clube alvinegro.