O ex-lateral-esquerdo Júnior César revelou bastidores da eliminação precoce do Atlético no Mundial de Clubes de 2013. Para o ex-jogador, o Galo estava com a cabeça no Bayern de Munique, da Alemanha, e isso resultou na derrota por 3 a 1 para o Raja Casablanca, do Marrocos, na semifinal da competição.
O time alvinegro se classificou para o torneio da Fifa com a conquista da Copa Libertadores naquele ano. Apesar de ser considerado favorito para realizar a final com o Bayern, gigante alemão que havia vencido a Liga dos Campeões, a equipe decepcionou os torcedores com o revés para Raja.
"Antes do Mundial, a preparação teve tantas coisas... Tudo que implantamos na caminhada da Libertadores, que unificamos, jogadores, comissão técnica, torcida, acho que fugiu um pouco no Mundial, porque foram muitas notícias, saída do Cuca, e a gente só estava com a cabeça no Bayern. A gente achava: 'Não, é o Bayern'. Esquecemos que futebol se resume dentro de campo", opinou Júnior César, em participação no Por Onde Anda, do Superesportes.
Além do foco na final, o ex-lateral citou a decisão do técnico Cuca em ir para o Shandong Luneng, da China, após a disputa da competição. "Claro, houve muitas notícias, especulação. 'O Cuca vai sair, já está certo', pós-Mundial, como aconteceu. Mas isso saiu em uma hora errada. Foi falado em uma hora errada. Isso atrapalha uma preparação".
Júnior acredita que não houve menosprezo ao Raja Casablanca, mas a mentalidade e o foco não estavam no primeiro adversário. Ele elogiou o time marroquino e disse o que poderia ter sido diferente na preparação do Atlético.
"Tinha um time que não conhecíamos, mas sabíamos que era um bom time, que tinha capacidade. Mas de tanto falar Bayern, Bayern, não nos concentramos no adversário que você precisa passar primeiro para depois chegar ao Bayern, e ser surpreendido como fomos. Jogamos com o Raja Casablanca, que era um bom time, não era ruim", opinou.
"Nosso time não menosprezou o Raja. Eu acho assim: 'Gente, a primeira final é o Raja'. É saber respeitar o time deles. Não desrespeitamos. 'Vamos lá, ganhar do Raja e ir para a final', não é isso. É entender que existe um compromisso para chegar à final. Nós não estávamos com essa mentalidade, por tudo que circulava naquele ambiente. Não estávamos 100% com a cabeça no Raja", completou.
Mundial de Clubes: fotos de Raja Casablanca x Atlético
Reserva do Atlético no Mundial
Júnior César alternou momentos como titular e reserva do Atlético em 2013. Opção de Cuca nas partidas mais decisivas, Richarlyson sofreu uma ruptura dos ligamentos do joelho esquerdo em outubro, que o tirou da disputa do Mundial.
A tendência era que Júnior iniciasse a partida contra o Raja, mas Lucas Cândido foi o escolhido para a posição. Volante de origem, o jogador tinha 19 anos e havia sido promovido ao profissional naquele ano.
Segundo o ex-atleta, Cuca optou pelo jovem devido às características defensivas, como altura e força física. A intenção era utilizar Lucas como um terceiro zagueiro, mas a ideia não deu certo, e o time cedeu muitos espaços pelo lado esquerdo da defesa.
"Eu sempre fui um jogador muito respeitador. Embora eu viesse em uma sequência boa - tinha acabado de jogar a final da Libertadores, estava vivenciando um momento importante... Mas, ao mesmo tempo, a decisão era do Cuca, que queria colocar o Lucas Cândido como um 'falso terceiro zagueiro', uma função que o Cuca gostava bastante", afirmou.
Júnior respeita a decisão do técnico, mas gostaria de ter iniciado a semifinal. "Ele gostava de fazer isso. O Lucas, por ser um jogador mais alto, fisicamente mais forte, ele implementou essa mentalidade, essa opção. Cabe a mim respeitar. Eu gostei? Claro que não, gostaria de ter jogado. Mas muito respeito à decisão do Cuca."
Júnior César defendeu o Atlético em 2012 e 2013. Disputou 71 partidas e conquistou também o Campeonato Mineiro em 2013. Atualmente, aos 40 anos, ele mora no Rio de Janeiro, onde auxilia escolinhas de futebol. O ex-lateral foi revelado pelo Fluminense e passou por São Paulo, Flamengo e Botafogo antes de se aposentar em 2019.