Palhinha marcou 71 gols em 232 partidas pelo São Paulo (Foto: EDU GARCIA/ESTADAO CONTEUDO/AE)



O ex-meia Palhinha lembra com carinho das lições aprendidas com Telê Santana, mas admite que tinha certo medo do ex-treinador no São Paulo. Juntos, os dois foram bicampeões da Copa Libertadores e do Mundial de Clubes com o Tricolor Paulista em 1992 e 1993.





Palhinha chegou ao São Paulo junto com o então lateral-esquerdo Ronaldo Luíz. Os dois deixaram o América - time que os revelou - em 1992. Em participação no Por Onde Anda?, do Superesportes, o ex-craque recorda a boa recepção no clube paulista, mas revela que teve receio no início.

"Foi difícil. O São Paulo tinha sido campeão brasileiro de 1991, e eu assistia aos jogos pela televisão. Quando cheguei com o Ronaldo Luiz, falei, 'como vamos jogar nesse time? Olha o tamanho desses caras, tudo brucutu, e eu magrelo. Não vou jogar nesse time nunca'. Mas a recepção é tão boa, que eu chego com o Ronaldo para assinar contrato e depois nos apresentamos na Barra Funda para começar a pré-temporada", contou.

Palhinha não chegou como titular absoluto, mas logo conquistou a confiança de Telê Santana e se tornou um dos jogadores mais importantes do time. O ex-jogador revela que o comandante fazia duras cobranças, tanto fora quanto dentro de campo.




"Eu me cagava de medo dele, porque o homem era bravo mesmo. Ele foi mais do que um pai para todos nós, te cobrava em todos os sentidos. Dentro de campo era um terror, não aceitava você não correr, se movimentar, apresentar para o jogo, arriscar um passe, voltar para marcar. Ele não aceitava esse tipo de situação. Jogador acomodado com ele estava ferrado. Todos os treinamentos eram assim. Se você ganhasse os jogos e não atuasse do jeito que ele queria, ele dava bronca", relembra.

O 'deslumbre' de Palhinha


Palhinha também conta que precisou da ajuda de Telê para controlar os gastos. Na chegada ao São Paulo, o ex-meia teve um aumento muito grande no salário, o que 'subiu um pouco à cabeça'. Segundo ele, até mesmo o resumo do Imposto de Renda era exigido pelo ex-treinador. 

"Também pegava no pé fora de campo. Perguntava o que eu estava fazendo com o dinheiro. Eu saí do América ganhando x valor e fui para o São Paulo ganhando mais x, depois era outro x. Aí vem convocação para a Seleção Brasileira, (fui) comprado em definitivo", diz.




"Eu não estudei. Eu não tinha vergonha de perguntar o que eu fazia com o dinheiro. O Telê queria saber o que eu estava fazendo com o dinheiro. Tinha que levar minha declaração de Imposto de Renda para ele. Ele cuidava da gente", completa.
 

Trajetórias de Palhinha e Telê


A 'parceria' entre Palhinha e Telê ainda rendeu outros títulos ao São Paulo. Além do bi da Libertadores e do bi Mundial, ambos venceram juntos a Supercopa da Libertadores (1993), a Recopa Sul-Americana (1993 e 1994) e o Campeonato Paulista (1992).

Antes da chegada de Palhinha, o ex-técnico ainda levantou a taça do Campeonato Brasileiro em 1991.

Ao todo, Palhinha marcou 71 gols em 232 partidas pelo São Paulo antes de se transferir ao Cruzeiro, em 1996. Pela Raposa, também fez história: em um ano e oito meses, conquistou novamente a Libertadores, em 1997, a Copa do Brasil, em 1996. Ele deixou o clube com 36 gols em 103 jogos e ainda conquistou o bi do Mineiro (1996/97).




Depois, Palhinha se transferiu para o Mallorca-ESP, onde ficou por apenas cinco meses. Retornou ao Brasil para atuar na SeleFla em 1998, mas sem sucesso. Ainda conquistou a Copa Sul-Minas com o América em 2000 e passou por Sporting Cristal-PER, Grêmio, Gama-DF, Alianza Lima-PER, Marília-SP, Khaimah Sports-EAU, Uberaba, Bandeirante-SP, Ipatinga, Chapecoense, Farroupilha-RS, até se aposentar no Guarulhos-SP, em 2006.

Telê, por sua vez, é considerado um dos melhores treinadores brasileiros da história. Ele comandou o São Paulo entre 1990 e 1996, quando foi obrigado a se afastar do futebol por problemas de saúde. 

Antes, ele já havia conquistado Brasileiro com o Atlético, em 1971, e disputado a Copa do Mundo com a Seleção Brasileira em 1982 e 1986. Ele também comandou Grêmio, Palmeiras, Al-Ahli Jeddah, da Arábia Saudita, Flamengo e Fluminense durante sua carreira.

O histórico técnico faleceu em 21 de abril de 2006, devido à múltipla falência dos órgãos.