Bob Faria está de casa nova. Aos 52 anos, dos quais dedicou 30 principalmente à carreira no rádio e na televisão, o jornalista inicia uma nova trajetória, agora como colunista do Estado de Minas e do portal Superesportes. A estreia será nesta terça-feira (29) nos dois veículos.
Bob assinará os espaços no impresso e no on-line sempre às terças, e ainda produzirá colunas especiais para o Superesportes após os principais jogos da semana.
"Recebi esse convite com uma grande honra! Sempre soube que escrever para o Estado de Minas não é pra qualquer um. É sinônimo de credibilidade, liberdade, e faz parte da história, não só do estado, mas do país. Sempre fui leitor e admirador do jornal. Orgulho enorme também de ter esse espaço no Superesportes, pois sou leitor diário. O portal é uma referência não só para o público, mas para todos os profissionais da área esportiva", declarou o reforço dos Diários Associados.
Filho de Osvaldo Faria, histórico comentarista da Rádio Itatiaia, que faleceu em 2000, Bob deu os primeiros passos no jornalismo aos 15 anos, como operador de áudio. Na emissora mineira, ele passou por várias funções. "Em 1992, tornei-me repórter. Lembro-me com orgulho de ter feito a cobertura do sorteio da Copa do Mundo de 1994. Fiquei na Itatiaia até 2000 fazendo torneios nacionais e internacionais. Daí em diante me transferi, já como comentarista, para a Rádio Globo. E em 2003 fui para a TV Globo, onde fiquei até o fim de 2021. No grupo, exerci não só a função de comentarista, mas também de apresentador na Globo e no Sportv".
Em suas colunas, no Estado de Minas e no Superesportes, Bob Faria disse que pretende encontrar o equilíbrio entre opinião e boas histórias. "Quero trazer reflexões sobre o impacto do esporte na nossa vida cotidiana. Não podemos deixar de pensar que o esporte, o futebol em particular, é um simulacro quase completo das nossas relações sociais. O ser humano está representado ali. Então é um grande desafio encontrar as melhores histórias, dentro do dia a dia do jogo, das competições, das notícias. Todo jogo tem uma história para ser desvendada, que vai muito além do que vemos no rolar da bola. Achar esse viés é que me encanta".
Paixão pela escrita
Embora tenha construído sua carreira no rádio e na TV, Bob conta que sempre teve relação muito próxima com a escrita. Agora, terá a chance de desenvolver essa prática que tanto gosta. "Escrever sempre foi um grande prazer para mim. Acredito no poder da palavra. Uma das coisas que mais me encantam é o fato de que enquanto lê, a pessoa está consumindo as palavras que alguém escreveu, mas está fazendo aquilo com a sua própria voz! Estabelece-se uma relação muito íntima entre quem escreve e quem lê. Isso é mágico".
Além de escrever para o EM e para o Superesportes, Bob também fará sua estreia nesta segunda (28) como comentarista da Rádio 98FM, de Belo Horizonte. Ele passa a integrar a equipe nas transmissões e nos programas esportivos da emissora.
Ainda integram o time de articulistas do Superesportes e do Estado de Minas: Jorge Nicola, Jaeci Carvalho, Kelen Cristina, Fred Melo Paiva, Gustavo Nolasco, Rodrigo Scapolatempore e Matheus Muratori. A coluna de bastidores Jogo Rápido e os blogs de Cadu Doné, Quintal do Dalai (de José Dalai Rocha), Canto do Galo (de Eduardo de Ávila), Filosofia FC (de Renato de Faria), Bola pra Frente, Maior de Minas e Fala Galo também estão hospedados no Superesportes.
Assuntos não faltarão nesta semana de estreias de Bob Faria. Atlético e Cruzeiro confirmaram vaga na finalíssima do Campeonato Mineiro. Já nos bastidores, o Conselho Deliberativo celeste está a uma semana de definir pela aprovação ou não da venda das ações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) a Ronaldo.
O colunista analisa esses e outros assuntos na entrevista a seguir:
Você é músico e tem forte ligação com o rock. Paralelos entre futebol e o universo musical também poderão ser encontrados na sua coluna semanal?
Não tenha dúvida. Assim como o futebol, a música também é uma representação da alma humana. Eu não viveria (ninguém viveria, eu acho) sem música. Acordes e bolas estão ligados de maneira irremediável. São partes fundamentais do mesmo universo.
Como projeta a decisão do Mineiro entre Atlético e Cruzeiro num jogo único?
O clássico é um desses jogos que não acaba nunca. Começou um dia, e vai durar pra sempre, independentemente da situação atual de cada time. As forças mágicas envolvidas nessa realidade costumam equilibrar as coisas. Dessa vez não acho que será diferente. Ainda mais valendo título. E nem adianta dizer que é só o título do estadual. É uma conquista! Tem seu valor.
Quais as suas impressões sobre o início de ano de América, Atlético e Cruzeiro e o que espera de cada um na temporada?
Acho que cada um tem metas muito diferentes! O América está vivendo um sonho. Sonho que se transformou em realidade pelo belo trabalho que fizeram nos bastidores e pela competência de alguns treinadores que passaram pela equipe recentemente, como o Lisca e o Vagner Mancini. A soma desses fatores dá ao América a possibilidade de pensar grande.
O Atlético vive o desafio de manter-se no topo, manter-se na condição real de melhor time do Brasil. E tem tudo pra isso. Tem recursos até então bem administrados, tem um elenco raríssimo de se conseguir montar e a possibilidade de reinar no topo das competições.
O Cruzeiro, depois de muito tempo, tem algo que faltava. Tem esperança! O time me parece melhor que o das últimas temporadas e a possibilidade mínima de ter a casa em ordem pode refletir em campo. O caminho de volta é árduo, mas não vejo como impossível. Muito pelo contrário. Se ninguém de dentro atrapalhar, tem tudo para voltar ainda esse ano para a primeira divisão.
Que análise faz do América na Libertadores e na Série A?
Acho que fez certo o América ao dar prioridade à competição continental. Poucas equipes podem se dar ao luxo de batalhar em duas frentes tão distintas com o mesmo empenho. E valeu a pena. A conquista da vaga na fase de grupos é histórica para o time. Campeonato estadual tem de novo o ano que vem.
O que achou do sorteio da Libertadores, que colocou Atlético e América no mesmo grupo?
Preferia que tivessem ficado em grupos diferentes. Para o América, principalmente, ficou pior. Se vai economizar na logística, terá que enfrentar um dos favoritos ao título. Mas acho bem possível que os dois se classifiquem. Não seria nenhum absurdo.
Qual a sua avaliação até aqui do trabalho do argentino 'El Turco' Mohamed, novo treinador do Atlético?
Já ganhou muitos pontos ao não querer mudar dramaticamente o que vinha dando certo. Isso traria não só uma ruptura no sistema de jogo, mas principalmente na cultura interna já absorvida pelos jogadores. Mesmo sendo argentino, ele age de maneira bem mineira. Vai aos pouquinhos colocando seus pensamentos, sem criar grandes tremores. É um bom treinador e acho que tem capacidade de lidar com esse elenco campeão.
E o que diz do uruguaio Paulo Pezzolano, que vem tendo bom início de trabalho no Cruzeiro?
Está fazendo um bom trabalho. Como já disse, o Cruzeiro esse ano tem algo que vinha faltando, que é esperança. E junto a isso acho que vem uma boa dose de confiança também. Vejo um time jogando com mais energia, mais volume, mais fome de jogar. Não tenho dúvidas de que isso é reflexo das possibilidades que se desenham fora de campo, mas também do entendimento do treinador. O grande troféu do Cruzeiro este ano seria o acesso. Isso mudaria tudo. Traria o time à condição que de fato ele merece. Apesar das barbaridades que fizeram com o clube.
Na Copa do Brasil, acho que ganhar o máximo de dinheiro possível já é uma boa meta.
Vê outro clube em condição de ser tão competitivo como o trio Atlético, Flamengo e Palmeiras no Brasileiro deste ano?
O futebol Brasileiro é muito dinâmico. Sempre há a possibilidade de algum time encontrar um encaixe e fazer frente aos mais poderosos. Mas é fato que poder financeiro (entenda-se com isso também administrações responsáveis) está criando uma distância competitiva entre os clubes.
Como tem acompanhado a polêmica negociação de venda de 90% das ações da SAF do Cruzeiro para Ronaldo? De tudo que leu, qual a sua conclusão sobre o negócio?
Fico me perguntando onde estava a maioria dos conselheiros que hoje questionam tão veementemente, enquanto o time era sucateado por ações que o empurraram para o buraco. Claro que há vozes entre essas que têm até algum lugar de fala, e alguns deles chegaram a ajudar. Mas a maioria não.
Creio que a essa altura dos fatos, os conselheiros deveriam agir mais como facilitadores. O clube está falido e precisa achar uma luz no fim do túnel. Essa luz apareceu, mas ainda há gente que acredita que é melhor viver na escuridão.