A jogadora de basquete americana Brittney Griner foi libertada pela Rússia nesta quinta-feira (8) após um acordo entre Moscou e os EUA, que concordaram em realizar uma troca de prisioneiros. Griner estava detida na Rússia desde fevereiro devido a acusações de posse de haxixe.
A contrapartida americana foi a libertação do traficante Viktor Bout. Conhecido como "Mercador da Morte", Bout foi detido em Bancoc, na Tailândia, em uma operação da Agência de Repressão às Drogas dos EUA em 2008, e extraditado para Nova York em 2010. Cumprindo uma pena de 25 anos de prisão, ficou famoso por inspirar o filme "O Senhor das Armas", estrelado por Nicolas Cage.
O presidente dos EUA, Joe Biden, escreveu em rede social que falou no começo da manhã com a jogadora de basquete, que já está em um avião a caminho de casa.
Griner foi detida em 17 de fevereiro no Aeroporto Internacional Sheremetievo, próximo a Moscou, acusada de carregar cartuchos de óleo de haxixe substância derivada da cânabis que é ilegal na Rússia, para serem usados em um cigarro eletrônico.
O caso, que já era difícil, ganhou outra dimensão uma semana depois, quando Vladimir Putin decidiu invadir a Ucrânia. Nas semanas que se seguiram, Biden chamou o russo de criminoso de guerra, Moscou afirmou que os EUA promovem banditismo e as relações entre os dois países colapsaram.
Griner estava na Rússia para jogar na liga de basquete feminino do país no período de intertemporada do esporte nos EUA —algo que jogadoras costumam fazer para complementar a renda, dados os salários mais baixos em comparação à modalidade masculina. Ela atuava pelo UMMC de Iekaterimburgo, na região dos montes Urais, mais perto do Cazaquistão do que do leste da Europa.
Nos EUA, Griner é contratada do Phoenix Mercury. Aos 31 anos e 2,06 metros de altura, ela é considerada uma das estrelas do basquete no país desde a liga universitária, quando defendeu a Universidade de Baylor. A bicampeã olímpica (Rio-2016 e Tóquio-2020), nos protestos contra a morte de George Floyd em 2020, se juntou ao grupo de atletas que se manifestaram contra o fato de o hino americano tocar antes dos jogos.
Logo após ser presa, Griner assumiu diante de um tribunal russo a culpa por levar o óleo de haxixe para o país, mas sempre sustentou que não o fez por querer. Disse que não sabia como a substância foi parar em sua bagagem e que isso podia ter acontecido por ter arrumado as malas de forma apressada. Ela tem prescrição médica para usar maconha de forma medicinal nos EUA, para tratar de dores crônicas. A defesa argumentou, no processo, que isso é comum entre atletas de elite.
A oferta de trocar Griner pelo criminoso russo provocou debate interno, que esquentou após a oferta de libertação do traficante de armas. O ex-presidente republicano Donald Trump, acusado por opositores de fazer o jogo político de Putin nos EUA, condenou os esforços para libertar a jogadora, a quem chamou de mimada.