A bola laranja vai voltar a subir nos Estados Unidos, país do basquete. Comemorando o 75º aniversário de sua história, a NBA - liga que dita tendências e historicamente engajada em causas sociais e eventos fora do esporte - retorna nesta terça-feira e inicia a temporada 2021/2022 com algumas manutenções e mudanças da atípica edição anterior, que teve 10 jogos a menos na temporada regular por causa da pandemia de COVID-19. Mas a formação das equipes, as estrelas e a disputa em quadra ficaram, nos últimos dias, em segundo plano devido à vacinação contra o novo coronavírus.
Uma das estrelas do Brooklyn Nets, equipe tida como uma das favoritas ao título e que conta com astros como o ala-armador James Harden e o ala Kevin Durant, o armador Kyrie Irving se recusou a tomar qualquer vacina contra a COVID-19. A NBA não obrigou a vacinação, mas deixou claro que cada partida perdida por causa da falta de imunização não seria remunerada.
E a disponibilidade para as partidas varia entre as cidades. Em Nova York, por exemplo, onde o Nets manda suas partidas, a vacinação é obrigatória aos atletas. Como impacto, Irving perderia, no mínimo, a metade das partidas em casa na temporada regular. O armador, por exemplo, perderia US$ 381 mil por jogo.
O fato de Irving se recusar a vacinar fez com que o Brooklyn, em um primeiro momento, afastasse o atleta de treinos e jogos. Diante do impasse, há conversas de que o armador possa ser trocado para outras franquias. Irving, campeão da NBA em 2016 com o Cleveland Cavaliers, utiliza o Instagram para se comunicar e afirma que manterá a decisão.
"Não estou sendo antivacina. É sobre o que é bom para mim, eu estou me sentindo inseguro, e tudo bem com isso. Eu sei as consequências da decisão que tomo em minha vida. É uma época louca em que estamos, eu não machuquei ninguém, eu não cometi nenhum crime (...) Eu não estou aqui agindo como um idiota, estúpido. Ninguém deve ser forçado a fazer nada com seu corpo. Eu vou continuar a ser eu, e algumas pessoas não sentem o mesmo que eu e tudo bem com isso", afirma Irving.
Pressão
O anúncio da NBA pelo não pagamento por partidas perdidas fez com que outros jogadores que não tinham se vacinado tomassem o imunizante. A estimativa é de que 96% dos atletas se imunizaram. O assunto gerou um debate sobre se a decisão era pessoal ou não, e o ex-jogador Kareem Abdul-Jabbar, seis vezes campeão da NBA e maior cestinha da história da liga, subiu o tom.
''Superficialmente, parece que Draymond e LeBron estão defendendo o ideal americano de liberdade de escolha individual. Mas eles não oferecem argumentos para apoiá-lo, nem definem os limites de quando a escolha de uma pessoa é prejudicial para a comunidade. Eles estão apenas gritando: 'Eu sou pela liberdade'. Somos todos pela liberdade, mas não às custas dos outros, nem se isso prejudicar o país. É por isso que exigimos cintos de segurança, capacetes para motociclistas, seguro de carro e educação para os nossos filhos", diz o lendário pivô do Milwaukee Bucks e do Los Angeles Lakers, ao criticar falas do ala-pivô Draymond Green, do Golden State Warriors, e do ala LeBron James, do Los Angeles Lakers, que abordaram o assunto pelo lado individual, mesmo a pandemia sendo uma questão global e pública.
Considerado por muitos o maior jogador da história do basquete e dono de seis títulos da NBA com o Chicago Bulls, Michael Jordan também se colocou a favor da vacina e ao lado da liga quanto à conscientização para imunização. ''Estou totalmente em uníssono com a liga (...) Acredito firmemente na ciência e vou continuar com isso e espero que todos cumpram as regras da liga. Acho que, uma vez que todos cumprirem, vamos ficar bem'', afirmou o ex-ala-armador, que hoje é dono do Charlotte Hornets, equipe da Conferência Leste.
Atual campeão, Bucks abre competição
O Milwaukee Bucks, do ala-pivô grego Giannis Antetokounmpo, chega à 75ª temporada da NBA como atual campeão. E a equipe recebe o Nets no jogo que abre a nova edição da liga, às 20h30 (de Brasília). Na sequência, às 23h30, em Los Angeles, o Lakers duela com o Warriors.
O campeonato volta a ter 82 jogos na temporada regular, diferentemente da última temporada - que teve 72 por conta da pandemia -, e com todas as arenas podendo receber 100% dos torcedores, desde que vacinados ou com teste negativo para o coronavírus. Uma manutenção da última edição e que parece ter caído no gosto da liga é o play-in.
O play-in é uma espécie de repescagem disputada entre times do sétimo ao décimo posto de sua conferência e que define as duas equipes que compõem as oito classificadas aos playoffs.
A temporada regular se encerrará em 10 de abril, com play-in disputado dois dias depois e mata-matas a partir do dia 16 do mesmo mês. A final da NBA, decidida em melhor de sete jogos assim como todos os confrontos dos playoffs, será disputada a partir de 2 de junho de 2022. Além de Nets, Lakers e Bucks, o Phoenix Suns, atual vice-campeão, também aparece como um dos favoritos ao título. Os times disputaram partidas de pré-temporada entre 3 e 15 de outubro.
Brasil
Mesmo com apenas dois brasileiros na liga (Raulzinho, armador do Washington Wizards, e Didi, ala-armador do New Orleans Pelicans), a NBA segue com os planos de se mostrar para o público do Brasil. Nesta temporada, a princípio, estão previstos 250 jogos transmitidos na temporada regular, distribuídos por SporTV - que mostra os dois jogos de abertura -, ESPN, TNT Sports (canais por assinatura), Band (TV aberta), Twitch, YouTube (streamings ao vivo pela internet, sem necessidade de assinatura) e NBA League Pass (aplicativo da NBA que exibirá gratuitamente alguns jogos se for cliente da operadora Vivo).