Cristiano Felício assinou por um ano com o Ratiopharm Ulm (Foto: Felix Steiner/Ratiopharm Ulm)

A temporada 2021/2022 será um recomeço para o pivô Cristiano Felício, natural de Pouso Alegre, cidade da Região Sul de Minas Gerais. Após seis anos no Chicago Bulls, da NBA, o jogador de 29 anos deixou uma das equipes mais populares do basquete mundial e assinou com o Ratiopharm Ulm, da Alemanha.




O Superesportes procurou o pivô e, em entrevista exclusiva com o atleta, abordou o período na NBA, a chegada na Alemanha e até sobre o basquete brasileiro. Felício se diz grato ao Chicago Bulls pelo longo período na principal liga de basquete do mundo e em uma das associações mais importantes do esporte.

"Sou muito grato pelo meu tempo com o Chicago Bulls, estava na hora de respirar novos ares e voltar a estar em quadra novamente. Não foi uma decisão muito difícil, apesar de todas as amizades que tenho e toda a minha história na franquia, porque sei do potencial do meu basquete e o quanto é importante para mim agora voltar a jogar bons minutos numa temporada", disse Felício.

A última temporada foi marcada pelo menor número de jogos de Felício em um ano - foram 18 em 72 possíveis, já que a equipe não se classificou aos playoffs. O pivô soma 258 partidas na NBA, sendo 20 como titular e com médias de 14,1 minutos, 4,3 pontos e 3,9 rebotes por duelo na temporada regular da liga.




Felício fez 258 partidas na NBA e enfrentou os melhores jogadores do mundo, como o ala estadunidense LeBron James, do Los Angeles Lakers (Foto: Jonathan Daniel/AFP)

"Foi muito especial para mim, e são poucos os que podem dizer que passaram seis anos numa mesma franquia, especialmente numa equipe com o Chicago Bulls, pela qual tenho muito respeito. Dei sempre o meu melhor, às vezes as situações não eram boas, mas sempre estive preparado para entrar em quadra e dar o meu máximo", afirmou.

A melhor temporada de Felício no Bulls foi a de 2016/2017, quando o pivô atuou em 72 das 88 partidas possíveis. Neste ano, além do melhor desempenho da franquia enquanto o pivô mineiro estava no time (eliminado para o Boston Celtics na primeira rodada da Conferência Leste dos playoffs), o camisa 6 assinou a renovação de contrato até 2021 - que lhe garantiu um total de 33 milhões de dólares desde 2015.

Agora sem renovação contratual, Felício queria seguir no nível internacional e buscou o basquete europeu. O Ratiopharm Ulm, equipe da cidade de Ulm - no Sul da Alemanha -, é um time mediano da elite do país, mas está em ascensão. O pivô está empolgado com o novo momento na carreira.




"Estou muito motivado, é uma nova fase na minha carreira, uma liga importante, uma equipe que disputa competições continentais e onde fui muito bem recebido. Cheguei há poucos dias e parece que já estou aqui há muito tempo. O alemão é uma língua difícil, por enquanto vou me garantir no inglês mas, aos poucos, vou aprendendo algumas palavras. Em quadra não vai ser problema, a linguagem do basquete é universal. Agora é trabalhar forte para me entrosar o mais rápido possível, me adaptar à maneira como a equipe joga e ajudar o time a disputar títulos", diz o pivô, que assinou por uma temporada com o Ulm.

O Ratiopharm Ulm, semifinalista do último Campeonato Alemão, também disputa torneios continentais. A equipe participa da Eurocopa, uma divisão inferior à Euroliga, maior torneio europeu de clubes. A estreia oficial na temporada 2020/2021 acontece em 26 de setembro, pelo Alemão, diante do atual vice-campeão Bayern de Munique.

Basquete brasileiro


Pivô mineiro fez a preparação para o Pré-Olímpico com a seleção, mas acabou cortado da relação final (Foto: Thierry Gozzer/CBB)

Revelado para o basquete profissional pelo Minas, equipe que defendeu de 2009 a 2012, mas multicampeão com o Flamengo entre 2013 e 2015, Felício também abordou a Seleção Brasileira e o basquete nacional como um todo. Figura constante na equipe desde 2015 (já disputou uma Olimpíada e um Mundial, em 2016 e 2019), o pivô foi convocado para o Pré-Olímpico de Split, mas acabou cortado da relação final.




Felício diz respeitar a decisão do técnico da seleção, o croata Aleksandar Petrovic (teve o vínculo expirado após o Pré-Olímpico e ainda não teve futuro anunciado), e comentou o desempenho do time, que perdeu a final do torneio para a Alemanha e não se classificou para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Sobre o basquete nacional, o pivô normalizou a não-classificação para a Olimpíada e disse que o trabalho deve seguir.

"Foram pouco mais de três anos de um trabalho bem feito, que começou no ano anterior à Copa do Mundo, que nos levou a uma boa participação no Mundial na China, e que acabou sendo encerrado no último jogo, em que valia a vaga para Tóquio. O Brasil fez uma boa preparação, mesmo com todos os problemas causados pela pandemia, e não conseguiu a classificação contra a Alemanha. Isso faz parte. Assim como outras muitas grandes seleções também não conseguiram a vaga como Croácia, Sérvia, Canadá... Precisamos continuar trabalhando forte, buscando sempre a melhor estrutura e condições possíveis, com campeonatos de bom nível e dando oportunidade para que todos evoluam, sempre equilibrando experiência e juventude", afirmou.

Veja a íntegra da entrevista com Cristiano Felício:


Felício, como você lidou com sua saída do Chicago Bulls e, sucessivamente, da NBA?

- Sou muito grato pelo meu tempo com o Chicago Bulls, estava na hora de respirar novos ares e voltar a estar em quadra novamente. Não foi uma decisão muito difícil, apesar de todas as amizades que tenho e toda a minha história na franquia, porque sei do potencial do meu basquete e o quanto é importante para mim agora voltar a jogar bons minutos numa temporada. Acho que esta minha vinda para a Alemanha vai me ajudar bastante a desenvolver tudo que aprendi ao longo desses anos. Agora tenho um novo desafio e meu foco está todo no Ratiopharm Ulm, em contribuir com o meu basquete e a minha experiência com a equipe.




Você ficou por algumas temporadas na NBA, a maior liga de basquete do mundo, mesmo em uma franquia se reajustando. Como define essa longa passagem? Espera retornar um dia?

- Foi muito especial para mim, e são poucos os que podem dizer que passaram seis anos numa mesma franquia, especialmente numa equipe com o Chicago Bulls, pela qual tenho muito respeito. Dei sempre o meu melhor, às vezes as situações não eram boas, mas sempre estive preparado para entrar em quadra e dar o meu máximo. Sobre retornar, nunca fecharia a porta para um retorno, mas não penso nisso nesse momento, acredito que seja bem difícil neste momento. Agradeço a todos do Bulls, da equipe, meus companheiros, fãs, pela oportunidade, por todo o apoio e carinho. Fui muito feliz em Chicago, é uma franquia pela qual tenho muito respeito.

Agora, você parte para o basquete europeu, em uma liga forte e com potências no continente. País novo, novo idioma... Qual sua expectativa? O que espera dessa fase?

- Estou muito motivado, é uma nova fase na minha carreira, uma liga importante, uma equipe que disputa competições continentais e onde fui muito bem recebido. Cheguei há poucos dias e parece que já estou aqui há muito tempo. O alemão é uma língua difícil, por enquanto vou me garantir no inglês mas, aos poucos, vou aprendendo algumas palavras. Em quadra não vai ser problema, a linguagem do basquete é universal. Agora é trabalhar forte para me entrosar o mais rápido possível, me adaptar à maneira como a equipe joga e ajudar o time a disputar títulos.

Entre a saída do Bulls e a chegada à Alemanha, você treinou com a seleção, mas acabou cortado da lista final ao Pré-Olímpico. Como absorveu essa decisão?

- Foi uma escolha do treinador e tenho que respeitar.




O desempenho da equipe brasileira no torneio foi bom, mas terminou de forma muito frustrante. Posteriormente, o então técnico voltou a criticar alguns atletas por pedidos de dispensa. Como isso foi visto pelos jogadores? Chegaram a tratar a respeito?

- (optou por não responder).

Ainda sobre seleção, sua geração (Raul, Rafa Luz, Benite, Augusto Lima) agora, definitivamente, passa a ocupar um posto de protagonismo na equipe, como os "veteranos". Como você encara isso? Pretende seguir ajudando a seleção quando chamado? E sobre os mais jovens, consegue enxergar o futuro?

- Vejo como um processo natural e importante. Assim como, quando eu cheguei na Seleção Brasileira, bem novo, tive o apoio, os conselhos e a confiança dos mais experientes, uma hora eu estaria nessa condição de dar suporte e ajudar os mais jovens. Temos muitos jovens de talento, que já estão ocupando seus espaços, se destacando em clubes e aparecendo com personalidade na seleção. Sempre tive muito orgulho de defender o meu país, sempre dei o meu máximo pelo Brasil e sei que posso contribuir muito ainda com a Seleção Brasileira.

A derrota para a Alemanha e a não presença do basquete brasileiro nos Jogos Olímpicos de Tóquio, novamente, levantou debate sobre a situação do esporte no país. Na sua opinião, o que pode ser feito para que o basquete nacional possa ter uma constante no desempenho?

- Um resultado não esperado a ausência em uma competição importante, como as Olimpíadas, nesse caso, não pode ser o único argumento para se avaliar o trabalho que foi feito. Foram pouco mais de três anos de um trabalho bem feito, que começou no ano anterior à Copa do Mundo, que nos levou a uma boa participação no Mundial na China, e que acabou sendo encerrado no último jogo, em que valia a vaga para Tóquio. O Brasil fez uma boa preparação, mesmo com todos os problemas causados pela pandemia, e não conseguiu a classificação contra a Alemanha. Isso faz parte. Assim como outras muitas grandes seleções também não conseguiram a vaga como Croácia, Sérvia, Canadá... Precisamos continuar trabalhando forte, buscando sempre a melhor estrutura e condições possíveis, com campeonatos de bom nível e dando oportunidade para que todos evoluam, sempre equilibrando experiência e juventude.




Por fim, hora de palpites: para você, quem vence a próxima edição do NBB? Caso queira, pode justificar a escolha.

- Não consegui acompanhar todas as movimentações desse ano e o mercado ainda deve ter bastante novidade até o começo do NBB. Mas, pelo que vi, equipes como Franca, São Paulo, Minas e Bauru se reforçaram muito, e o Flamengo, apesar da saída de algumas peças importantes, também trouxe grandes jogadores e está muito forte.