Foi sofrido, dramático e emocionante. Mas Pep Guardiola se despediu na noite desde sábado do comando do Bayern de Munique com mais um título no currículo. Depois de um insistente 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, quando os jogadores já se arrastavam em campo, a vitória por 4 a 3 nos pênaltis deu aos bávaros a taça da Copa do Alemanha em cima do maior rival, o Borussia Dortmund, em uma linda festa no estádio Olímpico de Berlim, na capitão alemã.
A conquista representa o 18º título da Copa da Alemanha ao Bayern de Munique, que venceu nove taças de 2000 para cá. Campeão da Bundesliga (campeonato alemão) com dez pontos de frente justamente em cima da equipe de Dortmund, o Bayern chega ao seu sétimo título sob o comando do técnico espanhol, que a partir de agora assume o Manchester City, da Inglaterra, e dá lugar ao treinador Carlo Ancelotti. Além dos dois títulos desta temporada, Guardiola também levou o Mundial de Clubes (2013), a Supercopa da Uefa (2013), a Copa da Alemanha (2013/2014) e a Bundesliga em mais duas oportunidades (2013/2014, 2014/2015).
Antes do clássico, que recebeu 74.322 torcedores no estádio construído para os Jogos Olímpicos de 1936 e que também já sediou final de Copa do Mundo, em 2006, e da Ligas dos Campeões, em 2013, o Bayern superou Nottingen, Wolsburg, até então atuais campeões, Darmstadt, Bochum e Werder Bremem.
Enquanto isso, o Borussia Dortmund pagou o preço por ter abdicado de jogar da forma como atuou nos últimos meses. Apostando na força defensiva, o time aurinegro teve nas arquibancadas sua grande força e não soube aproveitar as poucas oportunidades que teve em raros contra-ataques.
Thomas Tuchel, de 42 anos, perdeu a grande chance de conquistar seu primeiro título na carreira e o zagueiro Mats Hummels se despediu de forma melancólica. Um dos maiores ídolos da história recente do Borussia, o alemão vai seguir o caminho já percorrido por Mario Götze, em 2013, e Robert Lewandowski, em 2014, e defenderá justamente o Bayern na próxima temporada. Visto como traidor por boa parcela da torcida vice-campeão neste sábado, Hummels sequer conseguiu encerrar a partida. Teve de ser substituído aos 32 minutos do segundo tempo por causa de câimbras.
Só o início
Antes da bola rolar, a Alemanha mostrou que não é só em campo que tem dado show e evoluído a cada ano. A cerimônia pré-jogo arrepiou até mesmo aqueles que assistiam pela TV e aguçou ainda mais a expectativa pelo início do clássico com o estádio Olímpico de Berlim completamente lotado e dividido entre bávaros e aurinegros.
Com a bola rolando, o que se viu na primeira etapa foi um Bayern dominante, com maior posse de bola (62%) e mais agudo no ataque. Enquanto isso, o Borussia apostava na transição rápida e no seu forte setor defensivo, com três zagueiros. Reus e Aubameyang muitas vezes precisavam se virar sozinhos contra dois ou três marcadores.
Foram poucas chances de gol. Muller assustou duas vezes, aos 3 e aos 21 minutos, em chute de fora da área e em caeçada, após cobrança de escanteio, respectivamente. Aos 32, o brasileiro Douglas Costa recebeu na esquerda de Ribéry, cortou para dentro e bateu forte. O goleiro Burki espalmou e Lewandowski viu o árbitro ignorar seu pedido pênalti no rebote.
Só aos 43 minutos o Borussia conseguiu ser efetivamente perigoso, em bola parada. Mkhitaryan colocou a bola na área e, depois do ensaio bem feito, Bender teve a oportunidade de abrir o placar, se tivesse acertado em cheio na bola, que acabou chegando fraca às mãos de Manuel Neuer.
Fogo na arquibancada
Apesar de toda a organização e rigidez alemã, a final deste sábado também mostrou que torcedores não são tão diferentes assim em qualquer lugar do mundo. Antes do reinício do jogo, o árbitro precisou aguardar que se apagassem os sinalizadores oriundos da torcida de Dortmund, que formou uma espécie de ‘muralha amarela’ improvisada atrás de uma das metas, e levou muita fumaça preta campo a dentro.
Bola rolando de novo
Mas, o Borussia só conseguia ser melhor na disputa externa, nas arquibancadas. Foi a bola rolar novamente para o Bayern de Munique voltar a se impor. Logo aos 6 minutos, Ribéry recebeu com liberdade dentro da área e bateu cruzado. Lewandowski, no carrinho, por pouco não abriu o placar. No lance seguinte, Douglas Costa voltou a assustar o goleiro Burki em lance pela direita. Pressão dos bávaros, enquanto a equipe de Thomas Tuchel tinha dificuldades de passar pelo meio de campo.
Mas, no futebol, o erro pode ser fatal. E no primeiro deslize do Bayern, o Borussia Dortmund esteve muito próximo de balançar as redes. Contra-ataque rápido pela esquerda com Reus, que serviu Aubameyang. O atacante recebeu e bateu forte, mas por cima do gol, aos 11 minutos.
Os espaços apareciam e a dramaticidade aumentava a cada minuto. O Beyern chegava a sofrer com alguns contra-ataques, mas aos 19 teve nova grande oportunidade de marcar. Muller fez jogada individual e serviu o artilheiro Lewandowski, que desperdiçou chance incrível já dentro da área.
Aos 29, foi a vez de Ribéry ter a sua chance. O atacante francês partiu para o mano a mano pela esquerda e bateu para grande defesa de Burki, que conseguiu fazer a intervenção mesmo depois de um desvio da bola no meio do caminho.
E aos 32 minutos se encerrou uma grande história. O zagueiro Mats Hummels sentiu uma lesão e teve de ser substituído. Foi o adeus do jogador, que defenderá justamente o Bayern de Munique na próxima temporada. Um dos maiores ídolos da história recente da equipe de Dortmund, Hummels foio visto como traidor por grande parte da torcida aurinegra.
Desta forma, a lamentação mesmo veio aos 39 minutos, quando o Borussia aproveitou amis uma bobeada do Bayern para sair em velocidade até a bola chegar aos pés de Aubameyang, que de frente para Neuer, bateu por cima. Inacreditável! A melhor oportunidade de gol do jogo. E a última, antes da prorrogação.
Prorrogação
Com os jogadores exaustos, a partida não mudou seu perfil na prorrogação. A primeira etapa de 15 minutos teve mais uma vez o Bayern dominando territorialmente e o Borussia apostando em uma bola. Assim, logo na primeira jogada, Lewandowski ficou de frente para o goleiro Burki, mas Durm travou a batida de forma espetacular e salvou o time de Dortmund, que respondeu só aos 13 minutos, quando Mkhitaryan dominou dentro da área e bateu forte, pela linha de fundo.
Na segunda parte da prorrogação, os jogadores já não tinham mais condições ideias de praticar o mesmo futebol de antes. A cada saída de bola, era fácil identificar atletas agachados, pedindo água ou até mesmo atendimento médico. Ribéry, por exemplo, não aguentou e pediu para sair.
Assim, não teve jeito. Como no ano passado, Bayern e Munique e Borussia Dortmund foram aos pênaltis na Copa da Alemanha, com a diferença de que em 2015 o clássico era válido pelas semifinais.
Na cal
Nos pênaltis, o título ficou com o Bayern de Munique. O Borussia Dortmund começou batendo e marcando com Kagawa, mas Bender e Sokratis pararam em Neuer. Enquanto o goleiro Burki só defendeu a batida de Kimmich. Assim, com os pênaltis convertidos de Vidal, Lewandowski, Muller e, por último, o brasileiro Douglas Costa, a equipe de Guardiola chegou ficou com ataca, mesmo com as cobranças convertidas por Aubameyang e Reus, ainda pelo Dortmund.
FUTEBOL INTERNACIONAL
Nos pênaltis, Bayern de Munique bate o Borussia e é campeão no adeus de Guardiola
Após 0 a 0 no tempo normal e prorrogação, Bayern vence por 4 a 3 nos pênaltis
postado em 21/05/2016 18:27 / atualizado em 21/05/2016 18:33