O início ruim no Campeonato Brasileiro certamente não estava nos planos dos jogadores de América e Cruzeiro, que mantiveram a base do Campeonato Mineiro com o propósito de brigar por vaga nas competições internacionais. Os alviverdes sonham com a Copa Sul-Americana para comemorar o centenário do clube em 2012, enquanto os celestes sonham com o título e, de quebra, a classificação pela quinta vez consecutiva para a Libertadores.
O clássico de amanhã, às 21h, na Arena do Jacaré, pela quinta rodada do Brasileiro, põe em xeque a capacidade de Coelho e Raposa de brilhar na temporada. Não faltam ingredientes para que ele seja acirrado e emocionante.
Com campanhas ruins no início do Brasileiro, alviverdes e, principalmente, celestes estão sob desconfiança dos torcedores. Os técnicos se dizem tranquilos, por entender que as equipes têm mostrado bom futebol, apesar da falta de resultados. Mas falta algo para que os objetivos sejam conquistados. Será o emocional dos jogadores? Ou simplesmente os atacantes estão com a pontaria descalibrada?
Os torcedores cobram explicações para o começo inexpressivo no Nacional, porque não imaginavam ver seus times na parte de baixo da tabela. Eles esperam que o clássico marque a reabilitação e a arrancada rumo às primeiras posições. Jogadores e treinadores mantêm o discurso otimista de que os maus resultados são mera questão do acaso, mas reconhecem que falta aprimorar a condição física e os fundamentos que deixaram a desejar nas últimas partidas: marcação e finalização.
“Estamos jogando bem, mas alguns erros nos prejudicaram muito. A partir do momento em que forem sanados, as vitórias vão ocorrer. Existe aquela ansiedade para finalizar e ganhar as partidas e, no fim, somos prejudicados”, diz Mauro Fernandes, que assumiu o América em fevereiro do ano passado e, entre os 20 treinadores da Primeira Divisão, é o que está há mais tempo no cargo.
O volante Amaral, que chegou depois do Campeonato Mineiro, afirma que detalhes tiraram pontos preciosos do Coelho no Brasileiro. Para ele, a hora ideal de reagir é diante dos celestes. “A competição começou agora e ainda tem muita coisa para acontecer. Mas esses pontos que perdemos podem fazer falta lá na frente. Temos de fazer com que os resultados cheguem logo, principalmente contra o Cruzeiro.”
PESADELO COLOMBIANO O Cruzeiro vinha às mil maravilhas até encontrar o Once Caldas, em 4 de maio, na Arena do Jacaré, no jogo de volta das oitavas de final da Libertadores. Até então invicto na competição, tendo vencido em Manizales por
2 a 1 e com apenas uma derrota na temporada (4 a 3 para o Atlético, pela terceira rodada do Mineiro), era de se imaginar a classificação sem sustos na competição continental. Mas houve o desastre (derrota por 2 a 0 para os colombianos), que abalou o equilíbrio do time e até parte da vibração em campo. Tanto que, mais de um mês depois, só venceu um dos seis jogos que fez (os 2 a 0 sobre o Atlético que lhe deram em 15 de maio o título estadual).
Outros fatores contribuíram para a queda da equipe, quase todos consequência do baque na Libertadores: apatia, desatenção defensiva (cinco gols sofridos em quatro jogos pelo Brasileiro, três deles de cabeça) e falta de pontaria. A equipe cria inúmeras chances por partida, mas invariavelmente finaliza mal: conseguiu apenas três gols no Nacional.
Nervosismo é palavra que não deveria fazer parte do dicionário celeste, pela experiência, principalmente em situações dramáticas. Aí se inclui Cuca, um dos responsáveis pela impressionante reação que livrou o Fluminense do rebaixamento no Brasileiro de 2009.
Depois do 1 a 1 com o Santos, há seis dias, o Cruzeiro viveu 48 horas de muita agitação, pois o técnico pôs o cargo à disposição. Diante das manifestações de apoio dos jogadores e da torcida, ele acabou mantido e se sentiu fortalecido: “Todos confiam em meu trabalho”.
Os atletas se dizem comprometidos com a vitória e com a volta do bom futebol amanhã. Um ponto positivo: o goleiro Fábio e o volante Henrique não estão mais com a cabeça na Seleção Brasileira. “Vamos fazer um grande jogo. Tudo de ruim vai ficar para trás”, garante o jovem atacante Anselmo Ramon.
Nervos à flor da pele
Tropeços nas primeiras rodadas do Brasileiro contrariam a expectativa das torcidas do Coelho e da Raposa, que cobram explicações e aumentam a tensão em torno do clássico
postado em 17/06/2011 07:00
Antônio Melane /Estado de Minas , Roger Dias /Estado de Minas